
Cresceu o risco de que a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) pare antes de ser privatizada – a dispensa de plebiscito sobre o futuro da estatal gaúcha deve ser votada na Assembleia nos próximos dias. Conforme o secretário de Minas e Energia, Artur Lemos, o que a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) – única cliente da CRM – aceita pagar pelo carvão não permite manter a atividade.
Lemos tenta explicar a situação e negociar com a CGTEE, sua controladora Eletrobras e o Ministério de Minas e Energia desde o final de 2016. Passados três meses, avalia que as chances de entendimento estão virando cinzas. O secretário ainda vai tentar uma última reunião, para abril, mas se nada mudar é possível que em maio a CRM seja obrigada a parar.
– O quadro seria como o do governo do Estado, com atraso de folha sistêmico, mas, como uma empresa é diferente de governo, há ameaça de parar – avisa Lemos.
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Em situação normal, o acionista aportaria recursos, mas no governo gaúcho, que atrasa salários, é uma hipótese impensável. A última esperança de Lemos é a determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de que todas as térmicas disponíveis entrem em operação para garantir o abastecimento de energia do país diante da redução do nível dos reservatórios das hidrelétricas.
Isso inclui, em tese, as Fases B e C de Candiota – a A, mais antiga, está parada e não deve voltar a operar por problemas ambientais. Mas há um impasse estimado em R$ 12 milhões entre uma estatal federal que precisa frear perdas, a Eletrobras, e um Estado com as finanças em crise.
O cálculo considera a última informação sobre a demanda da CGTEE, de 1,2 milhão de toneladas ao ano, reduzida em relação a períodos anteriores. Sem acordo, a CGTEE pode ser forçada a parar, além da CRM. Caso isso ocorra, diz Lemos, ainda seria possível vender ativos da estatal estadual, como direito de lavra.