Marta Sfredo

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A coluna online é um pouco diferente da GPS da Economia, de Zero Hora, que também assino. Aqui, cabe tudo. No jornal impresso, o foco é em análise dos temas que determinam a economia (juro, inflação, câmbio, PIB), universo empresarial e investimentos.

Efeito da crise

Lucro do BRDE cai à metade com duplicação de reserva para calotes

Inadimplência de clientes aumentou 157% entre 2015 e o ano passado, afetando o resultado do banco, que caiu 55,3% na mesma comparação 

Marta Sfredo

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Chamada de "provisão para créditos de liquidação duvidosa", a reserva que os bancos são obrigados a fazer quando os clientes deixam de pagar parcelas de empréstimos por mais de 90 dias mais do que duplicou em 20016 no Banco Regional de Desenvolvimento Econômico (BRDE), sociedade entre os três Estados do Sul. O valor, que havia sido de R$ 152,7 milhões em 2015, saltou para R$ 392,3 milhões no ano passado, um aumento de R$ 157%.

Na apresentação do balanço, feita na manhã desta quinta-feira, o presidente do banco, Odacir Klein, atribuiu a essa variação a redução no lucro, que foi de R$ 262,9 milhões em 2015 para R$ 117,6 milhões no ano passado, um recuo de 55,3%. Klein lembrou que a inadimplência afeta 2,81% de todos os financiamentos concedidos pelo BRDE, enquanto a média do sistema financeiro nacional chega a 3,71%. De fato, atrasos e faltas de pagamento a bancos têm marcado todas as divulgações de balanços de 2016.

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Conforme a diretoria do BRDE, não há concentração em poucos clientes do volume reservado para cobrir possíveis calotes. São valores diluídos, com maior participação apenas de setores mais atingidos pela crise, como o metalmecânico. No balanço do banco, também aparece uma recuperação de R$ 150,6 milhões, também mais do que o dobro da obtida no ano passado, de R$ 67 milhões. Klein insistiu que a estratégia do BRDE é buscar pagamentos devidos, mas ainda preservar os clientes, com negociações que impeçam aumento de pedidos de recuperação judicial ou até de falência.

Para acentuar que o cenário de inadimplência não afeta a saúde financeira do banco, o diretor de planejamento do BRDE, Luiz Noronha, relatou a negociação com duas instituições europeias, a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e o Banco Europeu de Investimento (BEI). Com base da evolução do patrimônio líquido e nos ativos do BRDE, a AFD reavaliou a primeira cobrança de taxa de juro e a reduziu de 2,7% para 2% ao ano. O patrimônio líquido do BRDE subiu de R$ 2,34 bilhões em 2015 para R$ 2,44 bilhões no ano passado. Em 2005, era de mais modestos R$ 719 milhões.

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