Era tão iminente a denúncia do presidente Michel Temer pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que, na manhã que antecedeu a apresentação formal da acusação, ele não conseguiu disfarçar a tensão:
– Nada me destruirá, nem a mim, nem aos nossos ministros.
O presidente parece ter esquecido que "indestrutível" foi o adjetivo que caracterizou o lançamento do Titanic – e o final dessa história todos conhecem. Entre as forças políticas e o poder econômico, predomina a percepção de que ele tende a permanecer no cargo, mesmo denunciado. Mas não há líder político ou empresarial que tenha convivido com um presidente denunciado pela Justiça no exercício do poder.
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Dois dos sites internacionais que deram a notícia mais rapidamente e com mais destaque foram os do The Wall Street Journal e do Financial Times, oráculos dos investidores internacionais. Ambos cravaram "Presidente do Brasil acusado de corrupção".
A cada contato, negócio ou operação internacional, será preciso explicar como é possível a vida regular em um país nessa situação.
Para um estrangeiro, é difícil entender a complexidade, a abrangência e a duração da Operação Lava-Jato. Mas um presidente acusado de corrupção em um país que aceita passivamente essa situação é mais do que um símbolo. É um constrangimento constante e onipresente. Alternativas não existem até o ponto em que não se tornem uma imposição. Que mais não seja, para não passar mais vergonha.