Em uma das últimas declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre aumento de impostos, o tempo virou o maior aliado dos contribuintes.
– Começamos a ter um problema de tempo para que qualquer aumento possa fazer efeito neste ano, inclusive porque alguns tipos de tributos só podem incidir depois de 90 dias – disse Meirelles na sexta passada.
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A trégua mal durou quatro dias. Se não há tempo para que aumentos de impostos resolvam o problema do subterrâneo cavado no buraco do orçamento de 2017, há potencial a ser explorado para 2018, chegou a admitir nessa terça-feira (8) o presidente Michel Temer.
Entre as medidas em estudo, estaria a adoção de uma nova alíquota de Imposto de Renda para salários acima de R$ 20 mil, que poderia chegar a 35%. Isso equivaleria a um confisco que partiria de R$ 7 mil anuais para pessoas físicas que recebessem essa faixa de remuneração.
A análise também contemplaria a cobrança de imposto sobre dividendos – parte dos resultados das empresas até agora poupados da fome do Leão –, e revisão de desonerações e regimes especiais de tributação. Tudo isso, em um governo que nasceu da rebelião empresarial contra desmandos na gestão pública que jogavam a conta sobre contribuintes, tanto pessoas físicas quanto empresas.
Estudos como esses só são conhecidos sob um formato: o chamado balão de ensaio, que testa a reação à ideia. Mesmo quem tratava o governo Temer até agora com luvas de pelica, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o da Fiesp, Paulo Skaf bateu panelas verbais. Maia avisou que aumento de alíquota do IR não passa na Câmara – como se precisasse. Skaf disse ser contra qualquer aumento de impostos – o mínimo que poderia fazer o criador da campanha Não vou Pagar o Pato. Os decibéis verbais podem ter sido mais baixos, mas equivaleram a uma boa batida de panelas.