
Olhei pelo lado de fora e, atrás daquele matagal horroroso, junto a uma parede desmoronando e embaixo de uma marquise se desmanchando, percebi que alguém me olhava. Nem me deu muita bola, logo saiu a rodopiar de novo entre as ruínas do Estádio Olímpico. Achei simpática a ratazana, mas não cheguei a mudar de opinião.
A Capital assiste ao espetáculo mais deprimente de seus últimos anos: um símbolo da cidade definha em praça pública, com estruturas que aparentam desabar a qualquer momento, e ninguém move uma palha. Dê uma volta no entorno do Olímpico e tente não se horrorizar. Talvez seja a paisagem mais medonha que já vi na vida, porque nada pode ser mais indigno com a história do Olímpico – e com a história de Porto Alegre. Vizinhos dizem que o estádio se tornou reduto de marginais.
– Para não deixar ninguém entrar lá, tem que ter uns 30 seguranças, e isso não vamos fazer. Nem vamos colocar cerca elétrica. Não vamos fazer um investimento desses, não tem sentido – descarta Luiz Moreira, assessor especial da presidência do Grêmio, clube dono do Olímpico.
Pouco importam os imbróglios jurídicos entre Grêmio e OAS. Se eu ou você, cidadão de Porto Alegre, deixarmos uma calçada ou um terreno baldio a deus-dará, não seremos autuados? Por que a fiscalização passa ao largo dali?
– O poder público precisa analisar este caso, sim, e vai fazer isso – promete o secretário de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário.
Nunca fez tanto sentido a troça dos colorados, que chamavam o Olímpico de chiqueirão. Só que agora tem até rato.