
Ouça abaixo a coluna de Rodrigo Lopes
A França não disse apenas "não" a Marine Le Pen. Sua derrota na eleição deste domingo é um "não" à extrema-direita em toda a Europa. É também um freio brutal à xenofobia e ao populismo e às suas vertentes adaptadas ao século 21, mais light, como no caso da candidata da Frente Nacional francesa.
Trata-se da segunda derrota do conservadorismo radical em menos de dois meses em países centrais nas discussões sobre imigração, terrorismo e desemprego. Em março, foi a vez de a Holanda rejeitar o candidato de extrema direita Geert Wilders, dando vitória ao partido conservador VVD, do primeiro-ministro Mark Rutte.
Repetiu-se na França o cordão republicado do "todos contra Le Pen" para barrar a filha do Jean-Marie Le Pen, ele próprio derrotado em 2002 no segundo turno para o presidente Jacques Chirac – até então o mais longe que a Frente Nacional havia chegado. Não apenas Emmanuel Macron ganha. Sua vitória é também uma conquista da cambaleante União Europeia. Le Pen havia prometido a versão francesa do Brexit, o Frexit. Macron é um eurocentrista e se junta às tentativas de trazer o bloco de volta aos trilhos depois do abalo britânico.
A eleição francesa é a segunda da tríade de disputas importantes de 2017. Falta só a Alemanha, em outubro. A vitória de Macron dá bons motivos para Angela Merkel se animar.