Os últimos dias de 2015 e os primeiros de 2016 serão tensos para o ex-presidente Lula e sua família. Não se pode falar em inferno astral, porque Lula fez aniversário há dois meses, mas a conjunção de fatos investigados nas operações Zelotes e Lava-Jato são de tirar o sono do ex-presidente.
Para começo de conversa, Lula foi chamado a depor na Polícia Federal no dia 17 (Operação Zelotes), por conta de medidas provisórias que beneficiavam montadoras. Lula está sendo convocado porque um dos seus filhos, Luís Cláudio da Silva, recebeu R$ 2,5 milhões da Marcondes & Mautoni, consultoria contratada por duas montadoras para fazer lobby pelas MPs que prorrogavam incentivos fiscais aos fabricantes de automóveis.
Os investigadores já ouviram o filho de Lula e Lula e não se convenceram com as explicações dele para a consultoria milionária. Constataram que parte do trabalho consiste em colagens de textos da Wikipedia.
O ex-presidente tem bons motivos para se preocupar com o amigo José Carlos Bumlai, que está preso. Bumlai, que recebeu empréstimos milionários do BNDES, será denunciado segunda-feira. Amigo de Lula desde a campanha de 2002, Bumlai terá de explicar também suas relações com o Palácio do Planalto entre 2003 e 2010.
Os investigadores estão de olho nas viagens que Lula fez de 2011 a 2014. Após deixar a presidência, Lula fez palestras ou se encontrou com autoridades 174 vezes (63 vezes no Brasil e 111 no Exterior). O Ministério Público federal abriu uma investigação para descobrir em quanto Lula foi remunerado e quem pagou.
No foco das investigações estão, também, as palestras de Lula. Ele movimentou R$ 52,3 milhões entre 2011 e 2015, segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda. Parte desse valor se refere ao pagamento por palestras ao redor do mundo.
Há, por fim, o senador Delcídio Amaral, petista de Mato Grosso do Sul. Delcídio está preso e cogita fazer delação premiada. O senador foi íntimo do Palácio do Planalto nos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.