Na primeira viagem internacional desde que foi afastada definitivamente do Palácio do Planalto, a ex-presidente Dilma Rousseff teve uma sexta-feira de agenda cheia em Montevidéu, no Uruguai. Ao lado de líderes sindicais da cidade e do deputado federal Pepe Vargas (PT), Dilma discursou para os milhares de integrantes da marcha da Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo, na Plaza Libertad.
Conforme o jornal El País, a petista começou a fala com o tradicional “queridos e queridas” e cravou que a “democracia está correndo risco em nossa região”.
– No Brasil, por exemplo, foi construído um golpe, tirando uma presidenta que foi eleita por 55 milhões de votos – disse.
A ex-presidente ponderou que, no Brasil, os processos públicos estão funcionando:
– As instituições (brasileiras) estão funcionando e não há restrição à liberdade de expressão, mas não é verdade que não houve um golpe.
Segundo Dilma, as melhorias implementadas no Brasil nos últimos anos, como os programas sociais de inclusão, habitação e educação, correm risco caso a PEC do teto dos gastos seja aprovada.
Aos uruguaios, Dilma lembrou do momento político do Brasil e afirmou que “há uma tentativa de retrocesso, de voltar a uma situação passada” em todo o Hemisfério Sul.
Dilma e Pepe participaram de uma reunião-almoço com integrantes da direção da Frente Ampla e com o vice-presidente da República, Raúl Sendic. No final da tarde, a ex-presidenta foi declarada cidadã ilustre de Montevidéu pelo prefeito da cidade, Daniel Martínez. À noite, ela palestra na sede da Frente Ampla sobre a situação política do Brasil.
Ao contrário dos boatos difundidos por adversários da ex-presidente, ela cumpriu todos os trâmites burocráticos de entrada no Uruguai. Pepe Vargas, que a acompanha na viagem, encaminhou à coluna cópia da Carta Verde do Ford Fusion em que Dilma viajou e da papeleta de entrada no Uruguai, preenchida a mão e carimbada pelo Departamento de Imigração.
