Autor da ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que pode afastar Michel Temer da Presidência da República, o PSDB prefere seguir, por enquanto, na base do governo – apesar da resistência de 26 dos 46 deputados na Câmara e de cinco dos 11 senadores do partido.
Os quatro ministros tucanos continuam na equipe de Temer, incluindo Bruno Araújo, das Cidades, que chegou a escrever uma carta de demissão, mas não a entregou ao chefe por decisão do partido. Araújo, Antônio Imbassahy, da Secretaria de Governo, Aloysio Nunes, das Relações Exteriores, e Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, aguardam o desdobramento do julgamento que se inicia na terça-feira, em Brasília.
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Líderes do PSDB no Congresso já perceberam que não é viável Temer liderar a retomada das votações das reformas econômicas. No Rio Grande do Sul, o presidente da sigla, Nelson Marchezan, analisa que "não há mais condições éticas e respaldo da sociedade" para Temer continuar e que ele "está no caminho de sair". Mesmo assim, prefere ser cauteloso ao afirmar que o PSDB está buscando "a melhor alternativa" para não levar o Brasil "para o abismo".
Pode-se dizer também que a demora dos tucanos em sair de cima do muro deve-se à insegurança do que vem no pós-renúncia. Porém, será impraticável não abandonar o governo se Temer for derrotado no julgamento que analisará se ele e Dilma cometeram abuso de poder econômico e político nas eleições de 2014. Para dizer se vai ou se fica, o PSDB marcou uma reunião com a executiva nacional em Brasília na quinta-feira. Marchezan, o prefeito de São Paulo, João Doria, e o governador Geraldo Alckmin foram convidados. O encontro poderá ser antecipado se algo for decidido já na terça-feira.
Nos bastidores, alavancado pela tropa de choque do presidente, o discurso é de que Temer sairá vitorioso do julgamento. A tese também é acolhida por petistas. Agarrado à cadeira e resistente à ideia de renunciar, o caminho mais fácil para seus aliados, Temer reage indignado quando pedem que ele deixe o Planalto:
– Vou recorrer até o fim. Se quiserem que eu saia, têm que me matar.