À frente do Comando Militar do Sul, o general Antonio Mourão teve reconhecido papel de liderança junto à tropa. Depois de propor uma homenagem ao coronel Ustra, um símbolo da repressão militar, e de criticar o governo Dilma, Mourão acabou exonerado nesta quinta-feira. As críticas, publicadas pelo Informe Especial, em 16 de setembro (leia abaixo), repercutiram em jornais do centro do país.
ATUALIZAÇÃO: saiba quem substituirá o general afastado
Uma certeza: a exoneração de Mourão causará reações no meio militar. Talvez não publicamente.
Leia coluna publicada em 16 de setembro sobre as declarações de Mourão:
Novos tempos
Um general de Exército, diante de uma plateia composta por civis e militares, completamente aberto ao diálogo. Aconteceu, em Porto Alegre, na abertura de um evento organizado pelo CPOR. O comandante militar do Sul, general Antônio Mourão, expôs suas visões sobre o Brasil contemporâneo para um auditório lotado. “São as minhas opiniões”, deixou claro antes de começar. Alguns dos posicionamentos de Mourão, um dos militares mais influentes do país:
Sobre a política no Brasil:
"Os políticos viraram escravos das pesquisas de opinião. Esquerda e direita se encontram na corrupção".
"Cadê o líder aqui na América do Sul? Temos algumas figuras de folclore".
"Não é possível que um governo tenha 22 mil cargos de confiança para nomear".
Sobre relações exteriores:
"O Itamaraty foi bypassado pelo Foro de São Paulo. É ele que dá o ditame de uma diplomacia paralela".
Sobre o papel do Exército:
"Nós sabemos como fazer. O que fazer tem que ser definido pelo conjunto da sociedade".
"O emprego do Exército na segurança pública deve ser limitado no tempo e no espaço. Somos treinados para outra coisa. Mas a gente não escolhe missão".
Sobre a qualidade das informações passadas aos governantes:
"Quem decide precisa de uma agência de inteligência forte. Hoje, nossos agentes são escolhidos por concurso e têm seus nomes publicados no Diário Oficial. O Brasil é o único país do mundo onde isso acontece".
Sobre o desfecho da crise política:
Mourão identifica quatro cenários possíveis para o Brasil.
1. Sobrevida: mesmo enfraquecido, o governo Dilma chega ao final do mandato.
2. Queda controlada: Dilma renuncia ou se afasta por iniciativa própria, negociando a transição.
3. Renovação: descontinuidade do governo com novas eleições.
4. Caos.