Minha vida melhorou depois que parei de falar todos os dias, publicamente, sobre futebol. Entendi, lá pelas tantas, que esse assunto atrai inimizades e agressões. Não quero isso. Entendo que o futebol se presta a devaneios e catarses. É uma válvula de escape, um espaço de incoerência consentida. Entendo, porque pra mim também é. Feita a calibragem inicial, explico: o momento do Inter é grave. O silêncio me deixa incômodo a tal ponto, que preciso falar.
Minha primeira certeza: estamos batendo demais no Inter. De um jeito irracional e descontrolado. Não é hora para isso. Nunca é, por mais que seja legítimo e, até certo ponto, justificado. Precisamos domar a frustração, antes que ela nos empurre de vez para o abismo. Falo aqui como torcedor.
No meio dessa nhaca que aterrissou no Beira-Rio, pouco se salva. É só apontar o dedo pra qualquer direção, que se encontra um culpado. Surpresa: se apontarmos o dedo na nossa própria direção, também encontraremos. Frequento o Beira-Rio desde que nasci e afirmo, com convicção: a torcida do Inter, não toda ela, mas boa parte, ficou chata. Impaciente, cobrando na hora errada, intolerante ao extremo. Antes mesmo do Z-4, ouvi, neste ano, mais de uma vez, vaias no primeiro passe errado de um jogador.
Não estou falando aqui de direito de vaiar. Esse é inquestionável. Estou falando do resultado prático dessa postura. É catastrófico. Assim como é catastrófico o linchamento pelas redes sociais.
Se o presidente colorado é acusado de arrogante, só existe uma explicação: foi eleito por sócios que, de um jeito ou de outro, não achavam que isso era tão grave assim.
Aplaudi a contratação do Anderson. Eu e quase todos os meus amigos colorados.
Se o Valdívia errou um pênalti que poderia significar a virada definitiva no astral, fomos nós que o alçamos, antes da hora, à condição de craque e de ídolo.
Não entendo e não aceito essa mania demagógica que os dirigentes têm de blindar jogadores. "A responsabilidade é minha", ouvi o Fernando Carvalho dizer. Como assim? Um homem adulto, que ganha fortuna por mês, erra a goleira ao bater um pênalti decisivo e a responsabilidade é do Falcão, do Piffero, do Roth e do Fernando Carvalho? Chega de mimar jogadores. Isso os atrapalha. Que cada um assuma a sua parte.
O paternalismo ainda vai matar o futebol.
Não quero pedir nada, nem julgar ninguém, nem dar lição de moral ou apresentar fórmula mágica. Tenho ainda esperança de que o Inter saia dessa. E se não sair, estarei lá no ano que vem.
Mas o que espero, e quero, é que o futebol gaúcho – o Inter e o Grêmio – volte a brilhar.
Se isso acontecer, vou vibrar e me sentir vencedor. Mas, se não acontecer, vou ficar triste. Porque, como torcedor, também sou responsável pelo passado, pelo presente e pelo futuro do meu clube.
Sinal dos tempos
A PUCRS está lançando um novo e oportuno curso: Bacharelado em Segurança Pública, vinculado à faculdade de Direito.As primeiras vagas serão oferecidas no próximo vestibular.Além dessa, a universidade terá outras duas novidades: Biomedicina e Design.Inscrições entre 1º e 27 de novembro.
Público-alvo
Elas mandam.Para 66,5% dos porto-alegrenses, o grau de influência das crianças na escolha dos presentes que elas mesmas receberão é muito alto – entre 8 e 10, numa escala de 1 a 10.O dado é de uma pesquisa do Sindilojas e da CDL Porto Alegre sobre o Dia das Crianças.Entre os entrevistados, 21,3% levarão junto os filhos, sobrinhos, netos e afilhados. Para não errar na compra.
Sim, nós temos
Um exemplo de Primeiro Mundo entre nós.O Museu Afro Brasil de São Paulo recebeu a doação de mais de cem peças da coleção de arte africana da gaúcha Clarita Galbinski. O Margs ficou com um retrato pintado por Ado Malagoli. A Fundação Iberê Camargo, com um outro, de autoria de Iberê.Ao longo da vida, Clarita formou uma das mais importantes coleções de arte do Rio Grande do Sul.
Cordeiros de Deus
Entre as mais de 60 denúncias de irregularidades sobre propaganda recebidas pela Justiça Eleitoral em Porto Alegre, duas se referem à colocação de cartazes em igrejas.Há também nove representações envolvendo acusações de ataques entre candidatos pelo Facebook – Nelson Marchezan e Sebastião Melo.
Aquecimento
Antes da entrevista de sexta-feira ao Jornal do Almoço, Nelson Marchezan Júnior ficou alguns minutos sentado no carro, no estacionamento da RBS TV. Estava se preparando. Reviu números e as participações de alguns adversários no mesmo espaço.