A repetição sistemática de que a presidente é honesta, que não está na Lava-Jato, que não tem contas no Exterior, é verdadeira, mas não é disso que a estão acusando.
Apesar de todas as denúncias de corrupção, atingindo as pessoas mais próximas da presidente, Dilma se desgastou pelo que mais desgasta os governos: a economia. Não é por outra razão que o velho Karl disse que a economia é a infraestrutura da sociedade. Não há governo que caia quando a economia vai bem. A própria Dilma é exemplo disso até começar a recessão.
Houve diversas "barbeiragens" na condução da política econômica, como o excesso de desonerações fiscais (que reduziu em muito a arrecadação), altos empréstimos com juros subsidiados a grandes grupos empresariais, inclusive para uns comprarem outros, alcançando uma cifra perto de R$ 600 bilhões, desde o governo Lula. Isso ajudou a elevar os gastos com juros, que já eram excessivos.
Dilma errou na condução da política energética, errou com a Petrobras, usando para subsidiar combustíveis os recursos da venda do petróleo que eram para capitalizar a empresa. Posteriormente, com o petróleo caindo de preço, teve que subir o preço dos combustíveis.
Sem a ajuda das "commodities", que haviam subido 170% em dólares entre 2003 e 2011, a receita caiu, mas teve que manter a despesa criada no período de bonança, o que gerou déficits insustentáveis, atingindo R$ 613 bilhões ou 12% do PIB em 12 meses, facilitado pela contabilidade criativa e pelas "pedaladas fiscais".
Isso a impediu de manter o ritmo dos programas sociais, o que populariza os governos. Não há governo que se sustente sem crescimento da economia, principalmente no Brasil, que tem uns dos maiores gastos sociais no mundo, quando medidos em proporção do PIB.
Tudo isso, acrescido da inflação e do desemprego, causou um descontentamento geral, do que a oposição se aproveitou, o que não é uma novidade.
Não podemos esconder o sol com a peneira, sob a alegação verdadeira de que o Congresso é o pior possível. Mas isso só será combatido com reforma política e com o bom exemplo, que deve vir de cima. E isso não estamos vendo no Brasil!