É inegável que a Operação Lava-Jato está proporcionando ao país uma oportunidade histórica para moralizar a política, a administração pública e as relações entre os governos e a iniciativa privada. Ao desvendar o megaesquema de corrupção da Petrobras, que também atinge outras empresas estatais e órgãos públicos, a investigação motiva um novo olhar da sociedade e das próprias autoridades sobre o financiamento de campanhas eleitorais e sobre o controle da atividade pública. Ao colocar na cadeia empresários, banqueiros e políticos envolvidos em irregularidades, juízes e procuradores do Ministério Público passam a sensação de que está chegando ao fim uma era de impunidade que protegia criminosos e estimulava a malversação de dinheiro público. Mas esse lado luminoso de uma operação jurídico-policial moralizadora tem sido ofuscado por excessos que causam apreensão até mesmo àqueles que apoiam o trabalho da força-tarefa investigativa.