* Economista
As estatais não são criadas para competir no mercado, selva em que elas não sobrevivem. Aliás, qual seria a lógica de o Estado nelas investir e depois abandoná-las à própria sorte? E os objetivos políticos? Os bancos estatais, que seriam honrosa exceção, têm garantia de bons lucros com suas fontes exclusivas de recursos oficiais. Aqui no RS, um dos tantos exemplos dessa realidade é a Cesa, que ruiu por completo não sem antes consumir muitos recursos do contribuinte gaúcho.
Nas situações em que não há monopólio, mas os preços são ditados pelo governo, caso do transporte coletivo urbano, duas são as hipóteses, se fixados de modo a permitir a sobrevivência das estatais, o lucro dos concorrentes privados se torna excessivo à custa dos usuários; se forem ajustados, a estatal arcará com pesados prejuízos suportados pelos contribuintes, caso da Cia. Carris Porto-Alegrense.
Em suma, o ambiente das estatais é o do monopólio. Não ficam presas ao jogo do mercado, podem exercer plenamente seu papel, não precisam apertar o torniquete dos preços sobre os fornecedores de bens e serviços e sobre seus colaboradores, e podem criar amplas estruturas de cargos. Tudo isso é custo, mas em face do monopólio, são facilmente repassados aos consumidores e usuários.
No presidencialismo, o Congresso não pode ser dissolvido, é órgão absolutamente irresponsável. Com o agravante da proliferação de partidos, o presidente precisa submeter o Legislativo a qualquer preço. E mais, em meio à crise, com a exigência de medidas duras contra quem tem voz e vez, o apoio parlamentar está muito longe de ser gratuito. Na administração direta, o loteamento de cargos ficou extremamente limitado em face do incrível número de partidos e parlamentares. Somente os espaços das estatais com enormes mananciais de cargos regiamente remunerados podem cumprir a missão. Tais transações podem parecer imorais, mas são a garantia de o país não mergulhar na ingovernabilidade, extremamente mais danosa. Enfim, não podemos nos agarrar a um sistema de governo e, ao mesmo tempo, renegar suas engrenagens e consequências.