* Jornalista e vereadora (PP) de Porto Alegre
Acompanhando os intensos debates e protestos em torno da exposição Queermuseu, cancelada no último domingo pelo Santander Cultural, concluo que aqueles que lutam pela aceitação das diferenças são os que menos aceitam quem pensa diferente. Não querem ser rotulados de apoiadores da pornografia e da blasfêmia, mas chamam os que se manifestaram contra as polêmicas obras da referida exposição de fascistas, reacionários e ditadores. Para esses é ofensa dizer que a exposição traz desrespeito à religião católica e é uma amostra de imagens de sexo explícito, pois não deve haver censura à arte e à liberdade de expressão. Ofensa maior é mostrar o que ainda é inapropriado para crianças. Não foi à toa que o movimento de crítica, boicote e repúdio que partiu da sociedade civil teve força para pedir seu fechamento.
Quem me conhece sabe que não compactuo com nada que seja ilícito e criminoso ou que promova ou exalte a violência. Como católica, cidadã e vereadora de Porto Alegre, não posso deixar de opinar.
Um dos pontos mais graves da proposta em questão, voltada à discussão da diversidade na arte brasileira, foi expor a obra que desrespeita um símbolo sagrado da igreja católica, que é a hóstia. Isto é vilipendiar publicamente objeto de culto religioso. É crime.
Me admira este projeto ter passado por todas as instâncias da Lei Rouanet do Ministério da Cultura e sido aprovado. Não houve uma análise prévia do Santander Cultural e do Banco Santander? Parece que desconheciam o potencial polêmico do tema tratado quando aceitaram ser a empresa patrocinadora que obteve o benefício fiscal e quando não agiram de forma preventiva e estratégica sobre as obras mais controvertidas e transgressoras escolhidas pelo curador pensando numa classificação indicativa de idade para os visitantes.
Isto estaria mais de acordo com o renome de uma instituição que conquistou tradição em 15 anos de exposições de ótimo nível que sempre atraíram grande público, incluindo o público escolar. Do contrário, a decisão pelo encerramento, bem como, a notícia da devolução aos cofres públicos dos R$ 800 mil investidos, comprovam o erro cometido.