
Estado com o maior número de obras anunciadas pelo governo federal, mas que não saem do papel, conforme levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o Rio Grande do Sul volta a mobilizar líderes em Brasília para transformar algumas delas em realidade. A mais reivindicada é a duplicação da BR-116, para a qual estão sendo cobrados recursos que permitam a continuidade dos trabalhos em 2018 e deem um sentido a tudo o que já foi investido até agora. É preciso um basta a esse tipo de atitude, que reflete também a ineficiência do poder público diante de sua missão mais básica: fazer obras e entregá-las à população.
Há muitas outras iniciativas na lista das que se transformaram no Estado em canteiro de obras paralisado. O que surpreende é justamente o elevado número das que foram anunciadas e empenhadas, sem que nunca tivessem perdido a condição de mero projeto. Esse é o tipo de atitude irresponsável e populista, uma vez que compromete recursos sem gerar benefícios à sociedade.
Menos mal que o caso específico da duplicação da BR-116 no trecho entre Eldorado do Sul e Pelotas pode ser revertido. Ainda assim, isso só ocorrerá se houver de fato comprometimento dos entes federais com a finalização de uma obra essencial para o Rio Grande do Sul e o Brasil. Já se gastou e se empenhou muito no projeto para que os trabalhos continuem tão lentos. A conclusão é urgente, como forma de reduzir o morticínio em consequência de acidentes e os custos elevados para o transporte de cargas.
O que preocupa é o fato de a descontinuidade, nesse e em outros tantos projetos, não se dever apenas à falta de verbas. Na maioria das vezes, as razões estão também na má gestão, que acaba determinando sucessivas interrupções, muitas delas prolongadas. A consequência mais visível é a elevação do custo final. E é contra esse tipo de fato, comum no país, que líderes gaúchos precisam se manifestar de forma definitiva em Brasília.
Empreendimentos tão aguardados pelas comunidades, como a duplicação da BR-116, não podem se prestar apenas para iludir eleitores ou como forma de dar satisfação política, sem que haja de fato o compromisso de concluí-los. A sociedade não pode consentir com esse tipo de atitude que desperdiça dinheiro dos contribuintes sem oferecer-lhes um projeto no prazo definido e pelos custos orçados como contrapartida.