Porto Alegre

Cartão postal em obras

Reforma do Mercado Público de Porto Alegre anda a passos lentos

Um ano depois que atingiu o segundo andar do prédio histórico, será feita interdição de ruas para permitir começar o trabalho no telhado

Um dos motivos foi, de fato, a burocracia, como diagnosticou Cléber. Diretor do PAC Cidades Históricas, Robson Antônio de Almeida garante que o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) liberou a quantia prevista para o restauro interno (R$ 6,5 milhões) em 25 de novembro de 2013. A prefeitura explica que, apesar de o contrato ter sido assinado no dia seguinte, a primeira parte da verba, de R$ 2,6 milhões, só chegou em 23 de janeiro. Onze dias depois, era concedida a ordem de início dos reparos. >

Diego Vara / Agencia RBS

Passaram-se 365 dias desde que uma labareda surgiu na banca 46 e invadiu lojas do segundo pavimento do Mercado Público de Porto Alegre. Em 6 de julho de 2013, Cléber Ferreira da Silva, funcionário da banca 45, ajudava a montar as novas prateleiras de madeira da loja de artigos religiosos quando ouviu faxineiras gritarem "fogo, fogo"! Tratou de retirar as estantes novas, documentos, velas e imagens de santos até ser impedido de voltar por causa da fumaça.

O incêndio do Mercado Público consumiu quase metade de um andar e transformou o ponto turístico em um canteiro de obras. Desde que o local reabriu, em agosto passado, não visitou mais o segundo andar. E não entende como, mesmo com verba garantida pelo governo federal, ainda não voltou ao normal:

- Na Copa, recebemos turistas que deram de cara com uma lona preta. Se nos reerguemos sem dinheiro, por que não conseguem? É muita burocracia.

- Do nosso ponto de vista, a obra está correndo rápido demais - avalia o coordenador da Memória Cultural de Porto Alegre, Luiz Antônio Custódio.

Desde dezembro passado, tapumes e uma lona preta de nove metros de altura cercam a área onde havia oito restaurantes, o Memorial do Mercado, um auditório, banheiros e salas como a da Associação do Comércio do Mercado e do projeto Monumenta. Mas o trabalho só começou, de fato, em fevereiro.

Mas há outra parte da reconstrução que nem começou: a do telhado. É uma etapa que depende da interdição de pistas de três ruas no entorno para uso de guindastes. O vice-prefeito, Sebastião Melo, explica que a decisão de bloquear as vias esperava pelo fim dos jogos da Copa na Capital. A previsão é de fazer essa etapa ainda na semana que começa neste domingo. Conforme o Iphan, a verba para o telhado, de R$ 2,7 milhões, deve ser liberada ainda na primeira quinzena do mês. A previsão para que Cléber - e o restante da população - veja o Mercado totalmente pronto é janeiro de 2015. Até lá, não será possível passar pelo Centro sem sentir certa nostalgia..

SITUAÇÃO DO TRABALHO

Restauro

- A Arquium Construções e Restauro faz a obra no Mercado Público, onde ficavam restaurantes, salas, banheiros e elevadores. Há 16 funcionários envolvidos no trabalho desde 3 de fevereiro. Conforme o arquiteto Edegar Bittencourt da Luz, foi feita uma laje de concreto onde antes havia um forro de madeira e substituída a base do telhado por peças metálicas. No piso, será feita impermeabilização e, no corredor, ladrilhos semelhantes aos históricos estão sendo produzidos em Pelotas para substituírem os anteriores.

-Tempo da obra: oito meses

- Entrega: outubro

Telhado

- A Metasa já está com a equipe mobilizada para começar a desmontagem da estrutura metálica do telhado atingido pelo incêndio. A empresa aguarda apenas a definição da prefeitura sobre a interdição de vias no local para levar os guindastes, que precisarão de 15 dias para desmontagem e outros 15 dias para montagem. Com o fim dos jogos da Copa na capital, essa etapa da obra deve ocorrer nesta semana.

-Tempo da obra: seis meses

-Entrega: se começar este mês, como deseja a empresa, poderá ser concluída em fevereiro de 2015

UM ANO DE ESPERA

6 de julho de 2013

 -Incêndio consome cerca de 10% do Mercado Público, quase metade do andar superior.

13 de agosto de 2013

-O Mercado reabre parcialmente.

2 de dezembro de 2013

-A prefeitura anuncia que começará a recuperação de forro, piso, paredes e esquadrias do segundo andar. Problema no orçamento fez com que, até fevereiro, o restauro ficasse limitado à colocação de tapumes e limpeza da área afetada.

27 de janeiro de 2014

-Laudo aponta que fogo começou na banca 46, restaurante Atlântico. Em 3 de fevereiro, a Polícia Civil indicia João Moacir Gomes, dono da banca, e Lazaro Kieling, gerente, por incêndio culposo (sem intenção). O Ministério Público pediu exclusão de Gomes como autor e manteve Kieling, que teria sido o último a sair, com a fritadeira ligada.

27 de março de 2014

- Praça de alimentação provisória é aberta, com cinco restaurantes, uma sorveteria e uma loja de doces.

A HISTÓRIA DO PRÉDIO

-1861 - Projeto de Frederico Heydtmann tem estilo neoclássico.

-1869 - Com um andar, é inaugurado. Abre em janeiro de 1870.

-1912 - Um incêndio destrói bancas do pátio interno, de madeira.

-1915 - Inaugurado o 2º andar.

-1941 - Enchente inunda o térreo e fecha o prédio por 20 dias.

-1976 - Incêndio atinge bancas.

-1979 - É tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre e atingido por outro incêndio.

-1997 - Reinauguração após longo restauro, nova cobertura, duas escadas rolantes e dois elevadores.

-2013 - Superaquecimento de uma fritadeira causa quarto incêndio.a

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