
Prevista para ser realizada em seis meses, a drenagem de uma rede pluvial na Rua Frei Germano, no bairro Partenon, em Porto Alegre, já dura quase três anos. Com a via transformada em um canteiro de obras e com a passagem interditada, os moradores viram pontos comerciais fecharem e vizinhos deixarem o local.
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Localizada entre as avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves, a Frei Germano costumava ser movimentada e ter vários pontos comerciais. Hoje, segundo os moradores, está mais para uma via fantasma, onde poucos motoristas arriscam passar - já que a pavimentação não está concluída. Com a diminuição do movimento, quem mora no local também passou a reclamar da insegurança.
- A rua ficou abandonada e os assaltos aumentaram - afirma Leandro de Bragança, representante da Comissão de Obras da Rua Frei Germano, associação criada por moradores para acompanhar os trabalhos da prefeitura no local.
Proprietário de um restaurante, Olmiro Pires de Souza hoje comemora ter deixado a via:
- Dois meses antes das obras começarem, eu saí da Frei Germano e mudei para a Rua Albion. Se tivesse ficado lá, tinha falido. Vi amigos quebrarem e terem de abandonar seus estabelecimentos, como uma pizzaria, por falta de clientes.
Foto: Leandro de Bragança, Divulgação
O empresário Lívio Birnfeld, dono de um prédio comercial na Frei Germano, que aluga para médicos e dentistas, viu seis das suas 14 salas esvaziarem depois que as obras tiveram início.

- Os seis dentistas que continuam no prédio me relataram que tiveram queda de 50% no número de pacientes porque o acesso à rua ficou mais difícil e não há lugar para estacionar. O prejuízo de quem ficou aqui é muito grande. Se eu não fosse proprietário, também tinha saído - disse Birnfeld.
O maior desejo de quem ficou na Frei Germano, como o empresário, é que a obra seja concluída o mais rápido possível, para que rua se encha de vida novamente.
Obra atrasou por falha na licitação
A previsão do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) é que a drenagem seja concluída em setembro. Segundo a diretora de obras e projetos do órgão, Danila Bemfica, o motivo do atraso do trabalho foi a solicitação de um aditivo de cerca de R$ 200 mil pela empresa que executa o projeto. A verba extra seria para cobrir gastos de serviços que não foram orçados na licitação.
- O aditivo foi pedido em setembro de 2012 pois alguns serviços que precisariam ser feitos não foram orçados, como o remanejamento de uma rede de água e parte da sinalização. Houve uma troca de engenheiros no departamento e só conseguimos iniciar a negociação com a empresa em fevereiro de 2013 - explica Daniela, que admitiu uma falha na elaboração da licitação, realizada em dezembro de 2011.
O acordo com a construtora para o pagamento adicional, no entanto, só foi efetivado em junho de 2014. Conforme Daniela, até que o acerto com a empresa fosse efetuado, a obra não parou, mas andou em "ritmo muito baixo". De acordo com a diretora, a drenagem da rede pluvial foi feita, mas ainda é preciso instalar bocas de lobo, repavimentar a via e reparar o passeio público.