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Em vez de sacanagens, solidariedade. A ideia do trote que partiu dos alunos do curso de Manutenção e Suporte de Circuitos de Eletrônicos do Centro de Educação Profissional do Pão dos Pobres (CEP) era para encher de sangue o Hemocentro de Porto Alegre.
Inicialmente, a campanha de doação de sangue seria feita apenas pela turma que estava se formando, mas se expandiu para todo o CEP. Jéssica Dorcas e Carolina Chamorra, as idealizadoras da iniciativa, contam que passaram de sala em sala, manhã e tarde, para divulgar a proposta.
Dos cerca de 800 alunos, a dupla conseguiu amealhar 70 estudantes, com idades entre 16 e 24 anos, que fizeram a doação nesta sexta-feira. Os menores de idade, como o caso de Jéssica, 17 anos, precisaram de uma autorização dos pais. Quem está muito abaixo do peso ou fez tatuagem recentemente, por exemplo, não pôde doar.
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Depois de uma pré-triagem, em que se mede a pressão e se faz um teste para verificar a ocorrência de anemia, há uma triagem privada com o doador. Trata-se de uma entrevista pessoal.
O professor Douglas Carvalho, que acompanhou os alunos à tarde, conta que é a primeira vez que uma turma faz um "trote às avessas". Acompanhando os jovens, o professor também iria doar sangue.
- Se eu desmaiar, os alunos me levam - brinca.
Gerson Basso, o diretor substituto do Hemocentro, classificou a atitude como uma "iniciativa extraordinária de solidariedade". Em média, cada pessoa pode doar até 450 mililitros de sangue. Cada bolsa coletada ajuda até quatro pessoas. A iniciativa da turma do CEP, portanto, vai beneficiar outros 280. Isso porque o sangue é fracionado em quatro partes (hemácias, plasma, plaquetas e crio) e depois distribuído para 52 hospitais no Estado.
Cláudio Cadury, 18 anos, doou sangue pela primeira vez. Ele descreveu a experiência como "nova":
- Até dá um medo na hora que vem a agulha, mas não dói.