O ensolarado último dia da 60ª Feira do Livro de Porto Alegre teve grande circulação de público. Zero Hora esteve na Praça da Alfândega, neste domingo (16/11), para perguntar a visitantes, livreiros e aos organizadores do evento qual a Feira que eles esperam para 2015.
Entre os temas mencionados, estão a vontade de retomar o espaço do Cais do Porto, a melhoria da oferta de títulos de grandes autores, o aprimoramento da conexão sem fio para os expositores e a continuidade dos bônus para que os pequenos leitores adquiram livros dos autores convidados.
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Retorno do Cais do Porto
Esta é a segunda edição da Feira do Livro sem o uso da estrutura do Cais do Porto, fechada para reformas desde 2012. Retomar o espaço, que tradicionalmente abrigava o setor infantojuvenil, é uma das prioridades para a organização.
- Com a retomada do uso do Cais, ganharíamos muita circulação do público - avalia Sônia Zanchetta, responsável pelo setor infantojuvenil.
A falta do Cais se reflete em outro segmento.
- A sensação é de mais concentração nos corredores da Feira, uma vez que os pais e as crianças acabam circulando mais no setor adulto - conta o dentista Arthur Fontoura, que visitava a Praça.
A organização da Feira se reunirá com a administração do Cais para discutir a possibilidade de usar o espaço no próximo ano.
Outra seleção de títulos
A principal queixa dos frequentadores ouvidos pela reportagem em relação à Feira é a dificuldade de encontrar livros de grandes autores na Praça, uma vez que muitas bancas privilegiam a venda dos best-sellers em alta no momento.
- Uma Feira ideal teria disponíveis todos os grandes autores de relevância nacional e internacional. No entanto, acredito que este não é um problema da organização da Feira, mas o reflexo de um mercado editorial muito centralizado - opina o poeta Sidnei Schneider, autor de Andorinhas e Outros Enganos.
Para o patrono Airton Ortiz, o evento poderia pensar em soluções para o problema:
- Criar uma banca ou outro espaço com indicações de livros de grandes autores poderia ajudar a qualificar a leitura dos visitantes.
Tecnologia e conexão
Para a Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), entidade organizadora da Feira, as próximas edições do evento deverão usar tecnologias digitais para aumentar a relação com os visitantes e até mesmo expandir a participação do público.
Para os livreiros, é preciso avançar em serviços mais básicos de interatividade, como um melhor sinal de rede sem fio. Muitos atendentes ficam impossibilitados de acessar seus catálogos.
- Há áreas em que o sinal é um pouco melhor, mas praticamente não conseguimos usar em nossa banca - relata Luciana Barro, da editora Belas Letras.
Segundo Marco Cena Lopes, presidente da CRL, os problemas ocorrem devido às proporções da Feira em termos de espaço:
- Esse é um problema presente em outras grandes feiras e bienais. É difícil encontrar uma tecnologia que dê conta desse tipo de evento.
Continuação dos incentivos
Uma das novidades elogiadas pelos livreiros foi o projeto Quintanares, que distribuiu bônus de R$ 30 para 6 mil estudantes de Ensino Fundamental e Médio usarem nas bancas infantojuvenis.
- O projeto garantiu movimentação neste ano, espero que se repita na próxima edição do evento - conta o livreiro Norberto Guedes, que participa da Feira há mais de 40 anos.
Alunos de 17 municípios do Rio Grande do Sul tiveram direito ao benefício. Foram escolhidas turmas cujos professores têm trabalhos exemplares no estímulo à leitura. Os bônus só poderiam ser usados para comprar livros de autores convidados da programação da Feira.
- Considero esse projeto como o grande acerto de 2014. Não só gratificou o trabalho dos professores como estimulou os livreiros a terem sempre nas bancas os livros dos convidados - diz Sônia Zanchetta.