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O atropelamento de um grupo de ciclistas por dois policiais militares em um Brava na tarde de domingo, em Porto Alegre, expôs a insegurança em um trecho da ciclovia da Avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio), na Zona Sul, e abriu a discussão sobre as demais vias exclusivas para bicicletas. A Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade), ONG especializada nesse modal de trânsito, elencou os locais mais perigosos da cidade. Confira no mapa:
Para Marcelo Guidoux Kalil, integrante da Mobicidade, existe um problema comum às ciclovias mais perigosas citadas pela entidade. A base da insegurança está na prioridade definida pela prefeitura na questão da mobilidade urbana.
- A prioridade ao se fazer as ciclovias em Porto Alegre não é o fluxo de bicicletas nem a segurança dos ciclistas. Eles tentam fazer ao máximo sem prejudicar o fluxo de carros, sem tirar espaço deles. E aí acaba dando esses problemas. Eles dizem que fazem o que é possível, mas depende da visão e da vontade política do governo - argumenta Kalil.
O Brava e o local do atropelamento
Foto: Felipe Heidemann, arquivo pessoal
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No domingo, os ciclistas vinham de um churrasco na Serraria e seguiam pela Beira-Rio em direção ao Centro Histórico. Logo atrás do trio que pedalava em direção ao Parque Gigante estava o bancário Leandro Grehs Leite, 39 anos, colega deles, também de bicicleta. Ele viu quando foram atingidos pelo veículo, que saía do Parque Gigante. Paulo Roehrs, 32 anos, ficou com um ombro debaixo da roda do Brava, relatou Leite, que pulou da bicicleta para avisar o motorista.
- O cara não fazia nada, até que deu ré, cantando pneu. Eu praticamente tirei o cara do carro, e ele me mostrou a carteira funcional - afirmou.
O atropelamento aconteceu por volta das 17h30min de domingo. Os relatos de testemunhas são de que o veículo estava em alta velocidade quando atingiu os ciclistas, que não conseguiram frear a tempo e se chocaram com o Brava. Roehrs teve ferimentos mais graves e foi encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro. Possivelmente ele tenha que passar por uma cirurgia no ombro. Os outros feridos foram Felipe Heidemann, 35 anos, que ainda sente dores na coluna, e Bruno Bueno Engracio, 28 anos - este último relatou que não foi atingido pelo carro, e sim agredido por um colega dos PMs por estar filmando a cena.
Na noite de domingo, uma soldado de 26 anos se apresentou à Polícia Civil dizendo ser a motorista. Um soldado de 24 anos também compareceu à delegacia. Os ciclistas garantem que um homem estava na direção. Os PMs fizeram exame clínico - em que um médico observa se há sinais de embriaguez -, e o resultado foi negativo, mas se recusaram a fornecer sangue e urina para teste.
A comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Cristine Rasbold, confirmou que será aberto um procedimento administrativo para investigar o fato. O Inter, proprietário do Parque Gigante, deverá realizar mudanças no local de acesso.
Visão da saída do Parque Gigante: ciclovia não pode ser vista e não há sinalização
Foto: André Mags
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