
Calculado em cerca de R$ 1 bilhão, o recurso necessário para expandir o Aeroporto Internacional Salgado Filho está garantido. A afirmação foi feita na tarde desta sexta-feira, em Porto Alegre, pelo ministro da Aviação, Eliseu Padilha, durante reunião sobre o Plano Diretor do aeroporto, no Palácio do Ministério Público. Somente a expansão da pista em 920 metros (hoje tem 2.280 metros, e com a reforma ficaria em 3,2 mil metros) deverá custar R$ 700 milhões.
- Não se preocupem com restrição fiscal. Nossa secretaria (de Aviação Civil) tem recursos próprios. O dinheiro é nosso, do Fundo Nacional de Aviação Civil - afirmou Padilha.
O ministro esclareceu que o objetivo é ter tanto a ampliação da pista do Salgado Filho quanto um novo aeroporto, possivelmente em Portão. De forma bem-humorada, ele lembrou que os gaúchos gostam de uma briga e de grenalizar tudo, mas que não deve ser o caso na questão dos aeroportos: a ideia é ter ambos.
Com a pista ampliada, o Salgado Filho estaria preparado para atender à demanda de cargas e passageiros até 2029 ou 2030. É durante esse período que a construção do novo aeroporto, cujo nome poderá ser 20 de Setembro, deverá ser pensada, projetada e viabilizada. A prioridade, porém, é do Salgado Filho.
- Esse aeroporto é eterno. Não tem essa de abrir um e fechar o outro. E se no futuro acontecer de o Salgado Filho ser concedido à iniciativa privada, a obrigação deverá ser de operação ad eternum - declarou Padilha.
Conforme dados da Agenda 2020, o Rio Grande do Sul deixa de gerar por ano R$ 3,3 bilhões em negócios ligados ao transporte de cargas porque a pista e o terminal do Salgado Filho não contam com a capacidade adequada para grandes operações. São oportunidades comerciais que acabam migrando, em maioria, para os aeroportos de São Paulo.
Atualmente, a pista já poderia estar funcionando, pois não há mais moradias no caminho, lembra o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati. Restam 1,7 mil famílias em outros pontos do entorno.
- Até 2016 não haverá mais nenhuma família no local, estará completamente desocupado - prometeu o prefeito.
Em 24 de fevereiro, os sete conselheiros da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) decidirão se o aeroporto de Porto Alegre será mesmo ampliado. O presidente da Infraero, Gustavo Vale, adiantou que votará a favor da ampliação.
- A defesa do Salgado Filho é a defesa da Infraero - definiu.
Durante o evento, o presidente da Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transporte Aéreo (Andep), Claudio Candiota Filho, fez uma defesa emocionada da ampliação da pista. Ele lembrou de casos como do avião da companhia aérea Azul que teve de pousar na Base Aérea de Canoas, mais comprida do que a do Salgado Filho, por causa de problemas no sistema de freios. E comparou a demora em se resolver o problema com a falta de medidas de prevenção de incêndio em boates - o que culminou na tragédia da Kiss, em Santa Maria.
- Houve os incêndios em boates nos Estados Unidos, na Argentina. O que se fez no Brasil? Nada. Eu quero 920 metros de pista a mais para os meus passageiros - reforçou.