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Os motoristas que abasteceram nesta segunda-feira em Porto Alegre encontraram a gasolina até R$ 0,30 mais cara na Capital. De 20 postos de combustíveis visitados por ZH, 17 aumentaram o preço do litro em comparação com a pesquisa oficial da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na média, o reajuste foi de R$ 0,16.
A explicação? Segundo representantes de postos de combustíveis ouvidos por Zero Hora, o acréscimo é para recompor margens de lucro achatadas por uma concorrência acirrada nas últimas semanas.
O último aumento de tributos sobre combustíveis feito pelo governo federal ocorreu em fevereiro, com impacto médio de R$ 0,22 no valor da gasolina para o consumidor. O preço final chegou a beirar os R$ 3,40 na bomba. O valor nas alturas teria afugentado clientes e, como nenhum órgão pode regular valores, o mercado mesmo se ajustou, passando a reduzir preços.
- Eu baixei para R$ 2,99 por causa da concorrência, para não perder clientes. Mas acabei perdendo a margem de lucro, não tinha como sustentar - explicou José Franceschi, proprietário de três postos.
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Reajuste foi além do esperado em fevereiro
Assim como ele, outros 10 dos 20 postos pesquisados até ontem cravaram o litro da gasolina em R$ 3,299. O caminhoneiro Paulo Silva, 54 anos, se assustou ao passar por um com esse valor:
- Nem parei, passei reto. É um absurdo. Tá um horror.
Sócio do único estabelecimento dentre os visitados que reduziu o preço - o Posto Pernambuco, no norte da Capital, teve queda de R$ 0,04 e está com a gasolina a R$ 2,929 -, Ricardo Barcellos tem uma certeza: seu valor vai subir. Só não sabe dizer quando.
- Em Canoas está R$ 2,92, por isso baixei. Mas não estou conseguindo pagar os custos - justificou o empresário
Mais ao sul, o gerente da Garagem Jockey, Carlos Cauduro, explica que o reajuste de R$ 0,30 é resultado de uma conta "simples": se antes ele precisava vender três litros, agora chega ao mesmo lucro comercializando um litro.
- Nosso faturamento aumentou em 2015, mas o lucro reduziu. Isso porque com o preço baixo, o giro de produto aumentou, mas a margem caiu _ disse Cauduro.
Consultados, a ANP e o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes (Sulpetro-RS) afirmam que não podem, legalmente, tabelar preços, nem fixar valores máximos e mínimos, em favor da livre concorrência, e que, por isso, não comentam reajustes.
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