
A Justiça do Estado concedeu uma liminar que determina a liberação das entradas do prédio da prefeitura de Porto Alegre na Avenida Siqueira Campos, no Centro Histórico. Desde o início da manhã desta quarta-feira, municipários em greve, que reivindicam reajuste salarial, bloqueavam os acessos e o trânsito na via. De acordo com a Rádio Gaúcha, às 16h30 os manifestantes se retiraram do local. Eles prometem voltar na quinta-feira, às 7h30. A multa, em caso de descumprimento da liminar, é de R$ 2 mil por dia.
Por volta das 13h, a interrupção de tráfego na Siqueira Campos não causava congestionamentos na região central. Agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) desviam a circulação para a Rua Sete de Setembro.
Segundo o vice-prefeito da Capital, Sebastião Melo, há risco de que a folha de pagamento do município atrase, já que funcionários responsáveis pelo serviço estão impedidos de ingressar no edifício. Ele lamentou a greve e classificou como uma "medida extrema".
- Se continuar desta maneira, talvez haja atraso no pagamento porque os servidores que trabalham com a folha estão impedidos de acessar o prédio para começar a elaborá-la - disse Melo.
Após notificação da decisão judicial, a diretora de comunicação do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Carmen Padilha, afirmou que a liminar foi encaminhada ao setor jurídico da entidade para avaliação de recurso.
Municipários estimam que paralisação atingirá 90% na área da educação
Indignação com benefícios de auditores turbina reivindicações de municipários
- Não estamos impedindo os trabalhadores de trabalharem. É que eles aderiram à greve. Nós continuamos o movimento até uma nova reunião com a prefeitura, que deve ocorrer na quinta-feira à tarde - aponta Carmen.
A greve dos municipários teve início à meia-noite desta quarta-feira. Eles protestam por reajuste salarial de 9,44%, referente a perdas salariais, mais pagamento da inflação integral e ganho real, totalizando 20%. Outra reivindicação é a retirada da Câmara de Vereadores do projeto de lei que prevê que os benefícios acumulados do efeito cascata (a incidência de gratificações e vantagens umas sobre as outras, considerada irregular desde 1998) se transformem em abono - possibilidade já assinalada pelo Executivo.
Greve cancela aulas e afeta parte de atendimento em postos de saúde
Entre os serviços afetados pela paralisação, estão o cancelamento de aulas e restrições do atendimento médico. Vinte e seis escolas municipais não abriram as portas aos estudantes na manhã desta quarta-feira e 50 funcionaram parcialmente - mas 22 não sofreram qualquer impacto da greve.
Em colégios da Zona Norte, a adesão de professores deixou salas vazias. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Mariano Beck, no bairro Bom Jesus, apenas cinco dos mais de 70 professores compareceram à instituição. As classes para cerca de 150 estudantes de sete turmas foram mantidas - e mais de 500 alunos tiveram de ficar em casa.
- É uma situação em que as famílias não ficam felizes e, depois, temos de recuperar os dias trabalhados para garantir os 200 dias letivos. Mas respeitamos porque é um direito do professor de fazer a paralisação e, também, o seu trabalho - diz a diretora da escola, Estela Pedroso.
Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS
Já as 142 unidades de saúde municipais foram mantidas abertas pela manhã. Dos 5,4 mil servidores da área, 63 paralisaram as atividades - o que representa menos de 1%. Os atendimentos essenciais, como emergência, estão mantidos, mas há restrição principalmente no setor de enfermagem (como a realização de curativos).

- No início da manhã, tivemos dificuldades (na aplicação de vacinas da gripe). Fizemos um remanejo de servidores, especialimente daqueles que estão em cargos de gestão e que tem a capacitação técnica, para não deixarmos desassistidos quem procurar a vacina da gripe, que é uma prioridade, já que estamos entrando no inverno - afirmou o secretário da Saúde da Capital, Fernando Ritter.
O atendimento da Fundação de Assistência Social (Fasc) também tem prejuízo em algumas unidades: um Centro de Referência Especializado para a população em Situação de Rua (Centro Pop) está fechado e 20 Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e oito Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) funcionam com atendimento parcial.
A prefeitura informou que os servidores em greve terão o ponto cortado na folha de pagamento.
Confira os serviços que foram afetados pela manhã em Porto Alegre:
*Zero Hora