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Conheça o pai que assumiu a guarda de cinco filhos e cria todos juntos

O gosto por adrenalina do bancário aposentado Flávio Ojeda vai além da paixão por motocicletas: ele vive com os filhos de três mães diferentes

Adriana Franciosi / Agencia RBS
Cinco em um: "aqui todo mundo cuida de todo mundo", diz o pai-coruja

É um furacão de energia positiva o que o pequeno Dudu, três anos, imprime na residência da família Ojeda. O caçula da tropa de cinco filhos que o bancário aposentado Flávio, 55 anos, cria sob o mesmo teto é o responsável por manter em alta a atenção e a adrenalina de todos os filhos - e não deixar que eles esqueçam das principais marcas do patriarca.

- Aqui, todo mundo cuida de todo mundo - dispara o pai, sintetizando o clima do lugar.

Frutos de três diferentes relacionamentos, Denis, 31 anos, Carolina, 27, Giovana, 14, Pablo, 11, e Dudu gostam de morar com o pai por uma razão tão óbvia quanto difícil de descrever: o magnetismo que Flávio exerce sobre eles. "Legal", "companheiro", "disciplinador", "carinhoso", "responsável" - na descrição dos filhos -, ele não mede esforços para dar aos cinco o melhor que possam ter. Neste domingo, Dia dos Pais, o almoço será na casa do avô - para dar uma colher de chá para Flávio, que vai participar do encontro, é claro.

Formado em artes plásticas e apaixonado por motocicleta, o patriarca é um aventureiro que não se acovardou quando a vida exigiu mais seriedade.

- Resolvi assumir a guarda dos três mais novos porque achei que teria melhores condições de criá-los. Quando, numa das audiências, me disseram que eu era o único homem da Vara a pedir guarda, estranhei. Achei que isso fosse normal - diz.

O resultado dessa escolha, ainda pouco comum na maioria dos lares brasileiros, é o carinho da família. Todos convivem com as mães e reconhecem que elas são importantes na criação. Flávio é o pai para toda obra.

- É ele quem lava a louça, faz comida, junta os cocôs do Tom (o cachorro chow-chow), está sempre inventando algo, nos leva para toda parte - diz Carolina.

Os dois mais velhos da turma viveram até os 20 e poucos anos sob as asas da mãe, no Paraná. Quando tiveram a oportunidade, optaram por estar mais perto de um convívio que fazia falta para eles. Hoje, são os que menos param em casa. Se não estão no trabalho, pegam as motos que ganharam de presente e saem para se divertir, namorar, viajar, essas coisas de adultos jovens.

Ver Carolina formada em Publicidade e Dênis em Direito é um dos grandes orgulhos de Flávio. Cada conquista obtida pelos sucessores é uma realização própria. Certa vez, quando o primogênito pegou nove recuperações, o pai pediu licença do trabalho e dedicou duas semanas inteiras aos estudos com o guri. Com a aprovação, chegou também o alívio - e a sensação de que valeu a pena.

Assim tem sido em relação aos dois adolescentes, que também são irmãos. Giovana e Pablo tecem menos comentários, mas as poucas palavras são carregadas de carinho. Enquanto o guri observa o trabalho que dá cuidar de cinco ao mesmo tempo, a guria ressalta o bom gosto na escolha dos batons e do destino nas férias de verão.

Pergunto: onde aperta o calo desse pai? Se a cozinha ele tira de letra com pratos como a massa ao molho gorgonzola; se levar a filharada ao parque junto do chimarrão, da bola e do slackline é, para ele, uma diversão; talvez o nó seja a tarefa de equilibrar o orçamento com os gostos e as expectativas de filhos de idades de diferentes gerações. Há, também, a abdicação da vida social, o pouco tempo para o descanso e os planos pessoais. Mas a doação é tanta que norteia os sonhos de Flávio:

- Quero levar toda a família para conhecer o castelo de Harry Potter, em Orlando.

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