
Os vizinhos não chegaram a ouvir barulhos ou discussões no começo da madrugada de quarta. Alguns, com mais intimidade com a família, até estranharam o silêncio. Até serem surpreendidos pelas luzes das sirenes que tomaram o acesso A da Rua Millo Raffin, Bairro Mario Quintana, na Zona Norte da Capital. Era o fim trágico para um longo histórico de violência doméstica.
Os policiais haviam sido acionados pela moradora, Gessi Franco Bueno, 64 anos. Dessa vez, não para protegê-la, como já havia acontecido em pelo menos cinco ocasiões nos últimos anos, mas para constatarem o assassinato do marido, Josino de Souza Bueno, 69 anos, a golpes de marreta na cabeça. Ele estava caído ao lado da cama de casal e uma grande mancha de sangue permanecia sobre o colchão.
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Gessi confessou o crime que engrossou preocupantes números em um Carnaval nada alegre. Conforme o levantamento do Diário Gaúcho, a violência dos dias que deveriam ser de folia foi recorde na Região Metropolitana. Pelo menos 32 pessoas foram assassinadas entre o meio-dia de sexta e o meio-dia de quarta. Uma média de uma morte a cada quatro horas, seis assassinados por dia.
Recorde
Comparado com o ano passado, quando foram registrados 19 assassinatos no mesmo período, o aumento foi de 68,4%. Quase a metade - 14 - foram na Capital. Desde que o Diário passou a contabilizar os assassinatos na região, em 2011, o maior índice de mortes nos dias de Carnaval havia acontecido em 2014, com 27 vítimas.
Longo histórico de violência
Em seu depoimento à polícia, Gessi afirmou que temia ser ela a vítima. Segundo ela, o marido de mais de 30 anos de relacionamento teria chegado alcoolizado em casa e, depois de agredi-la, teria tentado estuprá-la. Ela afirma que conseguiu se desvencilhar e, com uma marreta, conter o agressor.
Alegou legítima defesa, mas foi autuada em flagrante. Durante a manhã, teve a liberdade provisória concedida pela Justiça.
Em 2013, Josino chegou a ser preso depois de tentar estrangular a idosa. Em sua decisão, o juiz parecia prever a cena encontrada pela polícia: "Nota-se que o quadro está a exigir providências de modo a evitar que um crime mais grave venha a ser praticado", registrou o magistrado.
Os números
2011: 19 assassinatos
2012: 18 assassinatos
2013: 26 assassinatos
2014: 27 assassinatos
2015: 19 assassinatos
2016: 32 assassinatos
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Assassinado na Restinga
Éverton Luís da Silva Peixoto, 21 anos, foi morto a tiros por volta das 5h30min de quarta na Rua Domingos José Poli, Bairro Restinga, na Zona Sul da Capital.
De acordo com a polícia, ele tinha antecedentes por roubo e tráfico de drogas.
Executado com 20 tiros
Um ataque a tiros deixou um morto e três feridos terça à noite na Rua Wolfram Metzler, no Rubem Berta, na Capital. Alisson Porto Gomes, 19 anos, foi atingido por mais de 20 tiros de pistola 9mm e morreu no local.
De acordo com a polícia, foram mais de 30 tiros. A suspeita é de que se trate de uma execução. Para o delegado Amilcar Souza Neto ficou evidente que Alisson era, de fato, o alvo dos atiradores.
Morto a tiros em Viamão
Gilsemar de Paula Pereira foi morto com um tiro de espingarda calibre 12, e outros disparos de alto calibre, inclusive com o uso de fuzil, no Bairro Vida Nova, em Viamão.
O crime aconteceu durante a manhã de quarta. A Delegacia de Homicídios de Viamão ainda apura o caso.
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