
O cheiro e o sabor são desagradáveis, mas as autoridades de saúde do Estado garantem: a água fornecida pelo Dmae atende aos padrões estabelecidos pela legislação. Segundo o engenheiro químico Luciano Barros Zini, do Vigiágua, programa que funciona dentro da Secretaria Estadual da Saúde e fiscaliza a qualidade do produto fornecido para consumo humano, as análises demonstraram que os 87 parâmetros de potabilidade previstos em portaria do Ministério da Saúde estão dentro do padrão.
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– O que temos como embasamento é a portaria nacional dos parâmetros de potabilidade. Como todos os parâmetros estão ok, nossa afirmação é que a água é potável. Ainda não temos resposta sobre o porquê do gosto e do cheiro. Todas as possibilidades estão sendo investigadas – diz Zini.
Como o motivo do problema não foi localizado, foram enviadas amostras para um laboratório paulista que investigará 131 compostos poluentes listados pela agência de proteção norte-americana Environmental Protection Agency (EPA), mas não previstos na legislação brasileira. Segundo o engenheiro do Vigiágua, o resultado é esperado até o dia 18:
– A partir do componente que estiver presente, caso a análise identifique algum, pode-se saber qual o efluente causador. Aí, entra a atuação da Fepam, que é a fiscalizadora.
Além dessa frente de investigação, afirma Zini, o Vigiágua acionou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), solicitando uma investigação de todos os navios que atracaram em Porto Alegre neste ano, para avaliar a hipótese de que possa ter vindo em algum deles o componente que causou o problema na água. Consultada por ZH, a Anvisa informa que esse tipo de investigação seria de responsabilidade da Marinha.
Ellen Pritsch, representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) na comissão que redigiu a portaria ministerial responsável por regular a qualidade da água e os padrões de potabilidade, mostra-se preocupada com a saúde da população:
– Se a água tratada está com gosto e odor, alguma coisa tem de ter. O que está causando isso? Quem me garante que não é problema sério sob a ótica da saúde pública?