
O Hospital Porto Alegre (HPA) teve 107 funcionários demitidos desde julho, de um quadro de aproximadamente 410 colaboradores. Os desligamentos ocorreram depois que o Instituto de Saúde e Educação Vida, instituição filantrópica que atua no Estado e em Santa Catarina, assumiu a administração, em uma tentativa de vencer a crise que acomete a casa de saúde.
Fabiano Pereira Voltz, coordenador regional do Instituto Vida, informou que a medida foi adotada para realizar os pagamentos em dia – há cerca de um ano, ocorriam parcelamentos, de acordo com ele – e para ajustar o quadro de funcionários à estrutura do hospital.
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– Quando nós chegamos, nos deparamos com 30 leitos ativos e 412 colaboradores, um quadro que era muito acima do necessário para o número de leitos abertos. Antigamente, o hospital tinha mais de 100 leitos ativos, e o quadro de funcionários se manteve o mesmo desde aquela época – diz Voltz.
O objetivo da nova gestão é aumentar para 70 o número de leitos em dois meses, fazendo pequenas reformas e buscando o credenciamento de mais convênios e a retomada de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde. Atualmente, há 50 leitos, conforme Voltz. Ele explica que o hospital não estava funcionando com plenitude em função da baixa procura.
João Paulo Machado, presidente da Associação dos Funcionários Municipais de Porto Alegre (AFM), destaca que a casa ficou sem receita quando a Prefeitura cancelou o convênio de 46 anos com a AFM – que era o principal convênio atendido no hospital. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Administração, o convênio foi descontinuado em março de 2015 em função da criação de um plano de saúde para servidores municipais.
Diretor do Sindisaúde, sindicato que representa a categoria, Júlio Appel afirma que os funcionários estão sendo demitidos, mas não estão recebendo os valores das rescisões contratuais. Além de não poder sacar o FGTS, não conseguem encaminhar o pedido de seguro-desemprego. Mais de 20 demitidos já entraram na Justiça em busca dos direitos.
– Já fizemos uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho. Alguns trabalhadores ficaram sem condições de pagar o aluguel e estão indo morar com parentes. Outros estão se endividando – afirma Appel.
O diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), André Gonzales, destaca que a entidade está acompanhando a situação do HPA há tempo, ciente dos rendimentos atrasados, e opina que a Prefeitura deveria "auxiliar o hospital a se reerguer".
– Ele já foi muito importante para o município e foi ficando sucateado. Mesmo assim, o Hospital de Porto Alegre tem um serviço de UTI que deveria ser melhor utilizado. O Simers quer ser parceiro para colocar aquela estrutura em funcionamento – diz.