Porto Alegre

Respeitômetro

Ciclistas usam régua gigante para alertar motoristas sobre distância segura 

Ação foi realizada pela manhã na Avenida Wenceslau Escobar

Jéssica Rebeca Weber

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O "respeitômetro" foi acomplado na parte traseira das bicicletas

Na autoescola, os instrutores ensinam: o motorista precisa manter uma distância mínima de 1,5 metro dos ciclistas. Nas ruas, quem anda de bicicleta aprende: poucos carros obedecem essa regra.

Mas na manhã desta quinta-feira, um grupo de ciclistas exigiu que cada centímetro fosse respeitado. Em uma ação organizada pelo Detran-RS e movimentos ligados ao ciclismo, foram acopladas às bicicletas estruturas que marcavam a distância lateral exigida pelo Código de Trânsito Brasileiro. O grupo pedalou com o "respeitômetro" – uma régua de ferro estrutural e PVC feita para marcar o metro e meio da lei – por trecho da Avenida Wenceslau Escobar, junto ao cruzamento com a Otto Niemeyer, na Zona Sul de Porto Alegre.

– É uma pena, mas muita gente tem medo de andar de bicicleta na cidade. Carros passam grudados, e os motoristas não pensam que na bicicleta vai uma pessoa, uma mãe, um filho, alguém que está sendo esperado em casa – diz Gilberto Flach, integrante do núcleo de cicloatividade do Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus).

Não demorou muito para os ciclistas repararem que nem o "respeitômetro" lhes asseguraria segurança durante a ação. Membro da Mobicidade, José Antônio Martinez conta que um taxista encostou o veículo na estrutura acoplada à bicicleta.

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– Isso acontece todos os dias. Dessa vez só entortou o metal, mas, no dia a dia, quem fica caído é o ciclista. O machucado registrado como acidente é na verdade um atendado contra o ciclista – salienta.

Ildo Mário Szinvelski, diretor-geral do Detran/RS, lembra que os números de ciclistas mortos no trânsito têm caído no Rio Grande do Sul: despencaram de 178 em 2007 para 88 no ano passado. Mas a conscientização segue sendo essencial.

– O ciclista que está partilhando o espaço público com os demais não é um intruso. Ele tem o direito de partilhar esse espaço com segurança – diz.

Chamado de Dia de Mobilização pela Segurança de Ciclistas, o evento realizado na Zona Sul marca o início de uma campanha que deve se estender também para outras cidades gaúchas. Além da Mobicidade, do Lappus e do Detran, a Associação de Ciclistas de Porto Alegre (ACPA) também integrou a ação.

Números:

– Em 2007, 178 ciclistas morreram no trânsito no Rio Grande do Sul, representando 9,7% do total de mortes (segundo o Detran/RS)

– Em 2016, o número caiu para 88, ou seja, 5,2% do total de mortes no trânsito.

– Foram registrados 163 acidentes envolvendo ciclistas apenas em Porto Alegre em 2016, contra 290 registrados em 2012, segundo a EPTC.

– No ano passado, em Porto Alegre, foram realizadas 12 autuações por desrespeito ao espaço de 1,5 metro ao passar de ciclista.

– Em Porto Alegre, a falta de respeito de motoristas foi apontada na Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro (2015) como o principal problema enfrentado no uso da bicicleta como meio de transporte, com 33,5% das respostas. A segurança no trânsito vem em seguida, com 28,1%.

Segundo Gilberto Flach, tem gente que deixa de andar de bicicleta por medo de ser atingido

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