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Talvez quem passe pela Praça da Alfândega, em Porto Alegre, não perceba – ou não lembre – que há um prédio nas proximidades da Caixa e do Rua da Praia Shopping que deveria funcionar como módulo comercial. O imóvel está fechado desde março de 2014, quando ficou pronto. Sem ter sido utilizada, a estrutura no Centro Histórico sofre com o desgaste do tempo e é tomada por pichações na parede.
O prédio faz parte da revitalização da Praça da Alfândega, que teve início em 2009 e um investimento de R$ 2,9 milhões. A obra integra o Programa Monumenta, do governo federal, voltado para a requalificação de centros históricos urbanos. Em 2015, reportagem de ZH mostrou a situação do imóvel – à época, um edital de licitação para escolha dos locatários estava sendo confeccionado e não tinha previsão de publicação, segundo a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic). Conforme a atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SMDE), a antiga gestão não havia repassado o andamento do edital, nem mesmo a justificativa pelo atraso.
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A pasta também informou que o edital para a locação do espaço foi publicado em janeiro deste ano e que uma empresa já venceu a licitação. A administração municipal aguarda a assinatura da Procuradoria-Geral do Município (PGM) para o prédio ser ocupado. A vencedora pagará R$ 12,2 mil mensais à prefeitura e ficará responsável pela manutenção do local e poderá explorá-lo comercialmente. A reportagem tentou contato com a gestão anterior da Smic, mas não obteve sucesso.
Banheiros apenas em horário comercial
Há quase três anos que, na estrutura, só o banheiro público funciona. Com placas improvisadas de papelão, os sanitários feminino, masculino e para cadeirantes não operam 24 horas. Quem vai ao local depois das 17h30min dá com a cara na porta.
O apicultor José Zanona Krug é um dos responsáveis pela Banca do Mel, localizada na Praça da Alfândega, próximo à Rua Sete de Setembro, há 27 anos. Ele espera para ocupar uma das lojas desde a construção:
– Fizemos um acordo com a prefeitura. Eles queriam que a gente saísse desse ponto, mas temos uma boa clientela e queríamos deixar a banca o mais perto possível da praça. Se tirassem a gente, muitos sentiriam falta. Só que o tempo passou e não foi nos dado prazo, nem data.
Krug ainda ressalta o desejo de fazer melhorias na banca, mas acha que não vale a pena porque não sabe quando teriam de sair. Ele e a funcionária Lucélia Nunes comentaram que pretendem fazer algumas reformas no novo ponto, já que ficou muito tempo sem uso. A SMDE informou que o edital previa a ocupação de uma das salas pela Banca do Mel.