Quando Otília Fernanda Peixoto, 35 anos, percorreu a Avenida Edvaldo Pereira Paiva a cavalo pela primeira vez, há dois anos, não conseguiu conter a emoção de mostrar um pouco da tradição gaúcha às pessoas que estavam sentadas nas arquibancadas para assistir a mais um desfile da Semana Farroupilha, em Porto Alegre. Desde então, o dia 20 de Setembro é o mais aguardado do ano pela arquiteta.
— É uma mistura de ansiedade e nervosismo, dá aquele friozinho na barriga. É muito lindo desfilar carregando a bandeira, mostrando a nossa tradição. É um prazer participar dessas coisas — comenta Otília, entusiasmada.
Este ano será a quarta vez que o piquete Tchê Gurias — que participa do Acampamento Farroupilha desde 1998 — faz parte do evento. Desde o início do mês, o grupo está se preparando para fazer parte da apresentação na Capital. Cerca de 15 pessoas devem desfilar pela entidade. A maior preocupação é com os cavalos, se estão com os exames em dia e de banho tomado e se o pelo está brilhoso. No dia 19, os animais do Tchê Gurias serão levados de um sítio, no bairro Campo Novo, para uma praça próximo ao Estádio Beira-Rio. Mas a vestimenta de prendas e gaúchos também faz parte do check list.
— Temos de estar caracterizados à risca. Nos esforçamos para chegar o mais próximo de como as coisas eram naquela época (Revolução Farroupilha) — conta a arquiteta.
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O desfile tradicional de 20 de Setembro deve ter início às 10h da manhã, de acordo com o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), mas a estrutura começa a ser montada na terça-feira.
Mais de 1,5 mil cavalarianos, representantes de 73 entidades tradicionalistas, Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Instituto-Geral de Perícias e MTG devem passar pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva, no sentido bairro-Centro.
Os participantes partirão em direção à Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto. A dispersão ocorre a partir do cruzamento da Edvaldo Pereira Paiva com a Avenida Ipiranga, próximo ao Shopping Praia de Belas, que terá bloqueio parcial. Agentes de fiscalização de trânsito e transporte da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) irão monitorar a circulação, bloqueando o trânsito para veículos.
O trecho entre Rótula das Cuias e o Viaduto Abdias do Nascimento, sofrerá bloqueio total a partir das 6h. Já a Avenida Padre Cacique será bloqueada parcialmente no trecho do museu Iberê Camargo.
A Rua Augusto de Carvalho também terá bloqueio parcial para a dispersão. Já o trecho da Edvaldo Pereira Paiva que vai da Rótula das Cuias até o Gasômetro não terá mudanças: segue com a programação de feriados e fins de semana, com área destinada ao lazer. Outra alteração é o estreitamento de pista na Avenida Padre Cacique, entre o viaduto Pinheiro Borda e o museu Iberê Camargo.
A solenidade de encerramento do Acampamento Farroupilha com a extinção da Chama Crioula, no palco principal do Parque Harmonia, está prevista para as 19h30min do mesmo dia. De acordo com o MTG, até o último domingo, cerca de 890 mil pessoas já passaram pelo acampamento.
Desfile temático ficou para o ano que vem
Sem o desfile temático da Semana Farroupilha — que foi cancelado no fim de agosto devido à falta de recursos —, o tradicional será a única oportunidade que os cavalarianos terão para percorrer a via em comemoração à Revolução Farroupilha. Mais de mil pessoas participariam da apresentação, que teve de ser cancelada por falta de recursos — uma nova data deve ser marcada para 2018. Organizado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) há 16 anos, o evento de 2017 teria como temática Os Idealistas da Revolução Farroupilha e os 70 Anos do Acendimento da Chama Crioula.
Conforme o presidente do MTG, Nairo Callegaro, a falta de apoio financeiro e as mudanças de cronograma contribuíram para que o desfile especial fosse perdendo a força ao longo dos anos. O evento já foi cancelado duas vezes: em 2014 e 2015. Até 2013, com carros alegóricos, ocorria durante a noite, na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, e chegou a reunir cerca de 25 mil pessoas.
— Ficamos sentidos de não poder realizar o desfile. O evento vem decaindo nos últimos anos. O espetáculo era para ser um atrativo turístico para Porto Alegre. Quando era realizado à noite, tinha um outro brilho — lamenta Callegaro.
