Entre a poluição do Dilúvio e a tranqueira da Avenida Ipiranga, apareceu um convite para voltar à infância. Com duas tábuas e alguns metros de corda, um balanço verde foi amarrado nos galhos de uma árvore na margem do arroio, perto do cruzamento com a Avenida Erico Verissimo. A vizinhança não sabe por quem nem por que, mas se rendeu à brincadeira.
– Já andei nele. É bem legal – conta um pouco sem jeito a cozinheira Marilene Rodrigues, 41 anos, lembrando também que muitas crianças brincam ali depois da aula no Colégio Protásio Alves.
Leia também:
Idosos fazem casamento caipira na Escola Técnica Estadual Parobé
Conheça as freiras que vivem isoladas do mundo na Cidade Baixa
Bryan Silveira, 27 anos, técnico em aquecedores, testemunhou o aparecimento do brinquedo. Conta que viu um homem "jovem e barbudo" fazendo a instalação há uns cinco dias:
– O rapaz veio de bicicleta sozinho, subiu na árvore, montou aquela engenharia lá e começou a balançar sozinho. Achei que era um louco.

Silveira diz que depois de deixar o brinquedo, o homem "sumiu".
– Nunca mais eu vi ele. Até ia perguntar qual foi a intenção – comenta o homem, que nunca usou o balanço por "medo de cair na vala", mas já flagrou muita gente tirando fotos nele.
O mistério seria muito mais fácil de resolver não fosse um problema estrutural, provavelmente causado pelo vento. O homem que amarrou as cordas na árvore também deixou uma placa pendurada no galho, assinada por "Verdeci". Só que ela acabou virando de costas para a Ipiranga e ficou quase imperceptível.
A placa revela que o balanço é na verdade uma intervenção urbana, denominada "Observatório reflexivo para um possível Eu maior". No Facebook, o autor explicou que serve para "sentar, relaxar, pensar e repensar". O artista não respondeu à reportagem até o fechamento da matéria.
