
O Brasil ficou entre os países piores posicionados em uma análise mundial focada em raciocínio lógico. Segundo os últimos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), menos de 2% dos estudantes brasileiros que participaram do teste conseguem solucionar problemas complexos de matemática aplicados à vida real. Mas no que os conhecimentos de lógica podem nos ajudar?
Teste seus conhecimentos de lógica no quiz abaixo. As questões foram selecionadas e comentadas pelo professor de matemática Jorge Bart:
Em muita coisa, segundo Andreas Schleicher, diretor interino de Educação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), instituição responsável pelo teste. Schleicher diz que a probabilidade de quem não tem conhecimento mínimo de raciocínio lógico arranjar um emprego é mais baixa, os indicadores de participação social são mais pobres, e essas pessoas recebem salários substancialmente menores.
Leia mais sobre o educação em Zero Hora
Entenda a avaliação do Enem
- Nós temos bons indícios de que estudantes que não alcançam um nível básico de habilidades neste teste encaram um risco muito maior de exclusão social e econômica ao decorrer da vida - afirma Schleicher.
No foco do Enem
Entre 44 nações, o país ficou na 38ª colocação na prova. A OCDE realiza o teste de três em três anos, mas pela primeira vez direcionou o exame para o raciocínio lógico, testando mais as habilidades cognitivas do que conteúdos específicos.
A posição não surpreende o professor de matemática Floriano Krieger, do Universitário. Ele diz que a educação brasileira ainda está se transformando neste aspecto com a unificação das bases do ensino para atender ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que cobra conhecimento para a aplicação prática dos conteúdos e não apenas a "decoreba" de fórmulas.
10 livros para chegar preparado ao Enem
Veja aplicativos que podem ajudar nos estudos
- A prova do Enem já é pensada nessa linha, o raciocínio lógico permeia toda a prova. O estudo não deve ser feito por conteúdo, mas por aplicações reais do cotidiano. Não adianta saber um conteúdo e não ter ideia de como utilizá-lo, colocá-lo dentro de um contexto - afirma Krieger.
O professor lembra, porém, que não se deveria focar a expectativa de mudança sobre apenas um exame de avaliação:
- Essa transformação precisa passar pelos ensinos Fundamental e Médio, não só por uma prova - pondera.
Conheça opções de intercâmbio para fugir da alta do dólar
Veja a lista de leituras obrigatórias do Enem
Cingapura na frente
Há mais de 10 anos, Cingapura lidera o ranking da avaliação da OECD, onde participaram, na última edição, em 2014, cerca de 85 mil alunos dos cinco continentes, todos com 15 anos. Em um artigo publicado no ano passado, o professor David Hogan, da Universidade de Queensland, explica que o ensino em Cingapura é nivelado em todas as disciplinas e focado em resultados práticos. Os professores do país asiático enfatizam a matemática, por exemplo, focada na performance em exames como o Pisa, e o desenvolvimento educacional envolve esforços do governo em conjunto com a população.
Hogan afirma que o regime de ensino de Cingapura é difícil de ser transferido a outros países porque é fundamentado sobre características culturais locais. Além do rigor da cobrança do conteúdo curricular e provas regulares desde os anos iniciais, o sistema cingapuriano é baseado na ideia de que "ensinar é falar, e aprender é escutar", modelo refutado pela pedagogia ocidental contemporânea, que preza cada vez mais o diálogo entre professor e aluno.