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O início da faculdade é um novo mundo cheio de desafios, ainda mais quando se troca de cidade ou Estado para encarar a graduação. Com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a mudança pode ser ainda mais intensa: há a possibilidade de deixar terras brasileiras para estudar em Portugal.
Quem quer aproveitar essa oportunidade deve ficar atento. Nesta sexta-feira, encerra-se o segundo ciclo de inscrições para a Universidade do Algarve, no sul do país europeu. Também está aberto o período de candidaturas para a Universidade da Beira Interior. Os candidatos devem se inscrever até 1º de julho.
- Por ser uma universidade menor, Algarve proporciona mais proximidade entre alunos, professores e direção. A adoção do Enem é uma forma de democratizar as vagas para os brasileiros, já que temos tantas semelhanças culturais e linguísticas - afirma o reitor da Universidade do Algarve, António Branco.
No ano passado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC), firmou parceria com instituições do país luso para utilização do exame. Segundo o MEC, as universidades estrangeiras podem usar as notas como requisito de ingresso mesmo sem formalização perante o governo brasileiro - é o caso de Beira Interior.
Oficialmente, apenas Algarve e Coimbra mostraram interesse em usar a nota do exame em suas seleções.
- A principal vantagem é que o estudante obtém uma graduação reconhecida em todos os países da União Europeia. Abrem-se portas - avalia o vice-reitor de relações internacionais da Universidade de Coimbra, professor Joaquim Ramos de Carvalho.
Há opções de cursos para todos os gostos, em áreas que vão das artes às ciências sociais, da economia à tecnologia. Por meio da nota no exame, cerca de cem alunos ingressaram em Coimbra somente no ano passado. Já em Beira Interior, foram 20, enquanto em Algarve as inscrições começaram efetivamente neste ano.
Candidaturas pela internet
Em setembro de 2014, a carioca Clara Marcondes, 20 anos, deu início ao curso de Relações Internacionais em Coimbra. A jovem já fazia a graduação no Rio de Janeiro, mas sempre quis estudar fora do Brasil porque acreditava ser importante para sua área de atuação. Utilizando a nota do Enem, Clara preencheu o cadastro no site da universidade e apresentou a documentação necessária. Foi aprovada.
- Achei que não ia conseguir por serem apenas oito vagas, mas fui chamada. O procedimento pelo site é muito simples. Vale a pena se inscrever - diz.
As diferenças apontadas por Clara na rotina universitária são muitas, desde a dinâmica de sala de aula até a cultura local. No currículo, há uma distinção maior entre aulas práticas e teóricas, por exemplo. Além disso, quando chegou ao local, a jovem foi acompanhada por uma espécie de tutor.
- Os estrangeiros contam com a ajuda desse aluno. É uma maneira de se integrar - conta a estudante carioca.
Outra estudante brasileira que escolheu fazer a graduação em Portugal foi a paranaense Ana Flávia Felde Cruzetta, 18 anos, que cursava Biomedicina no Brasil. Ela foi selecionada para o curso de Agronomia no primeiro período de candidaturas da universidade de Algarve e, mesmo com o início das aulas apenas em setembro, ela já está morando no país europeu.
- Estou aqui desde fevereiro. Acho que as principais diferenças em relação ao Brasil estão no estilo de vida mais calmo e na sensação de segurança - comenta Ana.
A escolha por estudar fora do país foi motivada por uma série de questões. Com família em Portugal, a jovem queria ficar mais perto dos parentes. O gosto pela cultura local também foi determinante.
- Aproveitei a oportunidade para morar onde eu realmente queria. O processo de inscrição é online, bem fácil e explicativo - diz a universitária paranaense.