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Universidades federais apontam que a redução nos recursos destinados à manutenção da estrutura e para investimentos traz perspectivas preocupantes para os próximos meses. Um levantamento feito pela Globo News aponta cortes de 20% na UFRGS, maior instituição federal do Rio Grande do Sul. Sem recursos, serviços terceirizados e manutenção predial e de equipamentos estão ameaçados. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o reitor da universidade, Rui Vicente Oppermann, expôs o problema e pediu ajuda:
– Estamos pedindo socorro. Recebemos R$ 7 milhões do governo para compra de livros, equipamentos, manutenção de edificações. Mas com esse valor nem arriscamos a começar alguma coisa.
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Oppermann também criticou a promessa do ministro da Educação, Mendonça Filho, de oferecer um acréscimo na verba.
– Com o que nós temos, mesmo com a liberação de recursos que estão prometendo de 85%, veja bem, é 85% de um valor já capenga.
Segundo estimativa do reitor, o aperto nas finanças deve resultar em um déficit de R$ 20 milhões até o fim do ano, montante que deve ser levado até 2018. A falta de recursos preocupa o administrador, que afirmou que serviços terceirizados e de manutenção devem ser cada vez mais enxugados.
Por outro lado, ele desmentiu boatos de que o vestibular de 2018 estaria em risco. Oppermann garantiu a realização das provas e as vagas oferecidas até então.
Pesquisa sofre com redução da verba
Em um processo de enxugamento que vem desde 2014, a UFRGS já conseguiu reduzir, nos últimos dois anos, R$ 40 milhões dos seus custos. Para o reitor, a acusação de "má administração" das federais feita pelo ministro não é uma realidade.
– Não é verdade que não fazemos esses cuidados. A universidade não é supermercado que vende coisas e tem lucro. Não podemos olhá-la sob a ótica da iniciativa privada.
Uma das alternativas estudadas por Oppermann para custeio de restaurações nos prédios da UFRGS são os fundos patrimoniais. Ele disse que já conversou com a senadora Ana Amélia Lemos, autora de proposta neste sentido, para tratar do assunto. Se aprovada, a universidade passa a gerenciar as doações.
Embora as pesquisas sejam financiadas por valores extra-orçamentários, cortes feitos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações colocam em risco bolsas de iniciação científica e manutenção de novos projetos.