
Que o universo político é cada vez menos coisa para amadores, já se percebe. Nesse contexto, um profissional discreto tem ganhado espaço. Marcada pelos bastidores, a atuação do consultor político torna-se indispensável quando o assunto são os meandros do poder.
– O mercado eleitoral está em crescimento. E o marketing tem uma função importante, porque estuda o movimento desse mercado e entrega isso para outras áreas, como a comunicação e as vendas. As pessoas confundem com propaganda, mas isso é só uma ponta do trabalho de um consultor polítco – diz o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), Carlos Manhanelli.
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O profissional do marketing político pode ter origens diversas. Administradores, publicitários, jornalistas, cientistas políticos e sociólogos podem exercer a função estratégica em uma campanha eleitoral, durante um mandato ou em instituições governamentais, federações ou sindicatos. A diversidade é fruto de uma característica própria desse trabalho: a multidisciplinaridade.
Com mais de 40 anos de consultoria política, Manhanelli explica que, para atuar na área, é importante ter conhecimentos em jornalismo, mídias, psicologia, sociologia, ciência política e relações públicas e manter-se atualizado. Interessar-se pelo processo político, claro, é fundamental.
Momentos de efervescência política, como o atual, são bons para observar a atuação dos consultores. E as campanhas eleitorais que se aproximam podem ser uma porta de entrada para quem deseja trabalhar na área. Especialistas aconselham: deixar-se levar por ideologias pode "carimbar" um profissional em início de carreira.
– Trabalhar com partido é uma boa forma de aprender com as agruras do dia a dia. Não é preciso ter envolvimento ideológico, mas não se pode ferir os próprios princípios. Esse trabalho é bom para entender o funcionamento das coisas – opina o consultor Marcos Martinelli, jornalista que trabalha com marketing político desde o fim dos anos 1980.
Ele fala por experiência própria. Foi filiado ao antigo MDB e, depois, ao PT. Em 2005, rompeu vínculos partidários. Recentemente, coordenou as campanhas de José Fortunati (então PDT), em 2012, e de José Ivo Sartori (PMDB), em 2014. Mas conhecimento e independência política não bastam para sobreviver neste meio. Ser empreendedor é indispensável.
– Quem quer crescer tem de se expor. Tem de protagonizar, criar. É muito dinâmico – reforça Martinelli.

Articulações em streaming
A quarta temporada da série House of Cards, da Netflix, que teve novos episódios disponibilizados neste mês, colocou em cena a consultora política LeAnn Harvey. Inicialmente contratada pela primeira dama norte-americana para auxiliar no seu projeto de se tornar candidata à vice-presidência dos EUA, a personagem ganha confiança ao longo da temporada, virando peça indispensável à campanha conjunta de Frank e Claire Underwood. Seu trabalho incluiu um método controverso para facilitar a vida dos candidatos: a obtenção de dados de foro íntimo dos eleitores.