
Início de ano, e os bancos já seduzem clientes com a possibilidade de antecipar a restituição do Imposto de Renda e o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de contas inativas, que começará a ser liberado no dia 10 de março. São operações em formato de empréstimo, nas quais o correntista recebe na hora o valor que teria direito a retirar só nos meses seguintes e paga quando receber da Receita Federal ou da Caixa.
A maioria dos grandes bancos confirma o início das linhas do IR para março. E praticamente todos deverão oferecer também a antecipação do FGTS _ dentre as principais instituições, Banrisul e Santander já conta com esta possibilidade. Os juros dessas modalidades costumam ser mais baixos do que a média do mercado financeiro – a partir de 2,5% ao mês, inferiores ao empréstimo pessoal, que é de 4,62%, conforme a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
– Quem tem dívida no cartão de crédito ou no cheque especial, que sobe a um ritmo de 13% ao mês, fará um bom negócio ao antecipar a restituição ou o FGTS. Troca uma dívida muito cara por outra mais em conta _ afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac.
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Livrar-se de dívidas é o principal atrativo da antecipação, mas há outras vantagens: a quitação do empréstimo será feita de uma só vez com um dinheiro extraordinário, ou seja, a dívida não pesará sobre o orçamento normal. Mas nem sempre antecipar é a melhor escolha, lembra Oliveira. Quem pensa em procurar esses empréstimos para fazer compras deve segurar o ímpeto. Isso por que estará adiantando, sem necessidade, um dinheiro que é seu por direito e, posteriormente, terá de pagar juros ao banco.
– Deve ser compreendido que a antecipação de FGTS e IR é, sim, um empréstimo. Pagaremos juros por ele, o que quer dizer que receberemos antes da data prevista, mas com um valor menor do que receberíamos se esperássemos até a data correta – afirma Camila Bavaresco, consultora financeira.
Também é preciso prever gastos que surgirão pela frente e que poderiam ser sanados com o FGTS ou a restituição, mas ficarão sem fonte de pagamento. Muita gente conta com a restituição para se preparar para as contas de final de ano, como compras de Natal, matrícula escolar ou tributos como Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Se o dinheiro já tiver sido gasto, pode faltar para o mais importante.
O que as instituições financeiras oferecem

Quando pedir o crédito vale (ou não) a pena
• Vale a pena para quitar dívidas com taxas de juros mais altas, como cheque especial ou cartão de crédito. Antecipando IR, FGTS e até 13º salário, você as quita e evita, assim, de pagar mais juros.
• Em caso de uma emergência, como um acidente ou uma doença, antecipar é uma boa escolha. Caso você tenha despesas urgentes e inesperadas, é melhor adotar esta linha de crédito do que tomar um empréstimo pessoal.
• Não vale a pena pedir antecipação para fazer algum tipo de investimento, pois os juros das aplicações não são tão altos quanto os cobrados no empréstimo.
• Também é desperdício de um benefício seu antecipar para comprar algum bem, já que, na prática, você receberá menos do que teria direito, uma vez que terá de pagar juros ao banco.
Fontes: Educadora financeira Camila Bavaresco e Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac