- Oi. Vocês servem o prato ex...
- Não, moça, aqui não tem prato nenhum, tem só prato de salada com frango grelhado. Também tem o Big Mac. Quer um Big Mac?
Por mais esquisito que seja chegar em uma fila de McDonald's sem ter um número de McOferta na cabeça, esta repórter saiu em uma pequena excursão pelos restaurantes da marca (veja a lista ao fim da matéria) atrás de um item do cardápio até então pouco conhecido dos brasileiros: um prato feito, o amado PF, com carne, feijão, arroz e salada. A primeira parada foi o McDonald's da Silva Só, um dos quatro franqueados que têm a opção de servir ou não o McPF. O gerente me recomenda como próxima parada o restaurante da Rua dos Andradas, aquele colado no Shopping Rua da Praia.
PARTICIPE: queremos descobrir qual é o melhor prato feito de Porto Alegre. Clique aqui e deixe sua opinião
Lá, novamente, encontro outra cara de confusão na fila:
- Não, moça, aqui não serve isso não.
A gerente se adianta e diz que hoje não tem, mas que, a partir de amanhã, os clientes da loja poderiam provar o prato executivo. Parto para uma das paradas confirmadas: o McDonald's do Aeroporto Salgado Filho. Vou direto na gerente, que, por sua vez, chama outro gerente e volta com uma tabelinha:
- Não sei nem como se lança isso daí. Vender a gente vende faz tempo, mas a verdade é que NUNCA nenhum cliente pediu - diz ela.
Saio dali com meu lanche - quer dizer, com meu almoço - embalado nas clássicas sacolinhas de papel pardo, quase escondido. Sento na mesa e, exatas 2h10min depois de minha primeira parada, abro o conteúdo do invólucro. Na minha frente, arroz soltinho, feijão carioca, salada de alface (sim, com as folhas de alface rasgadinhas do Bic Mac), tomates uva, milho e ervilha em conserva e um quadrado de peixe empanado (o recheio de um McFish). O feijão bem que poderia vir com um pouco mais de caldo, mas o conteúdo do prato não decepciona. Com a porção pequena de batatas fritas e um saquinho de maçãs cortadas, o almoço forra bem o estômago - isso é, considerando que esta crítica de McDonald's mede apenas um metro e meio. A brincadeira toda sai por R$ 29 - R$ 23 do prato e R$ 6 por uma Coca-Cola média. Mas não acaba aí: visivelmente curioso, o argentino da mesa ao lado se levanta de um cochilo e me pergunta: "Nena, donde conseguiste eso?" (depois da minha explicação, a gerente anotou mais um PF na cota até então inexistente). Parece que, até cessar a curiosidade, a cozinha do McDonald's terá que fazer bastante feijão.
Veja as fotos da refeição:
Um prato cheio de aminoácidos
Que fast food não é a coisa mais saudável do mundo todo mundo sabe. Entretanto, com ausência de pão, queijo e rios de molho, o arranjo do PF faz até bem para a saúde, diz a nutróloga Jaqueline Coelho:
- O arroz e o feijão são ricos em aminoácidos essenciais. Alguns aminoácidos a gente consegue produzir e outros não. Esses que a gente não produz, precisamos adquirir através da alimentação. Esses são os essenciais. O arroz tem alguns aminoácidos essenciais e o feijão tem outros. A combinação dos dois fica perfeita, pois oferece todos os aminoácidos essenciais que a gente precisa. Além disso, os aminoácidos são muito importantes para a formação de músculos e células.
Todo mundo come tudo
O prato executivo é, na verdade, a refeição dos funcionários dos restaurantes. Ela é vendida para os clientes que a pedirem no balcão por uma questão de transparência corporativa, diz a assessoria de impensa do McDonald's.
- Temos a filosofia de sermos sempre muito transparentes, então também servimos para o cliente o que servimos internamente e vice-versa - diz Ana Apolaro, diretora de Recursos Humanos da unidade brasileira da Arcos Dourados, empresa argentina que administra os McDonald's na América Latina.
Zero Hora ligou para as 16 lojas da rede para conferir. Veja abaixo o levantamento:
O arroz com feijão passou a ser servido para os funcionários das 816 lojas do McDonald's no Brasil quando os empregados da rede rejeitaram o seu menu regular de hambúrgueres e batatas fritas em intervalos de trabalho.
A queixa foi encaminhada ao Ministério Público, e o operador local dos restaurantes McDonald's foi obrigado a fornecer pratos mais de acordo com a culinária local.
