
Nossas decisões financeiras estão longe de serem tomadas apenas pela razão. Por isso, ter autocontrole para chegar aos dias que antecedem o próximo salário com algum respiro na conta corrente é tão complicado. Gastar menos do que se recebe, evitar excessos e planejamento são as expressões mais usadas por especialistas na hora de recomendar mudanças no gerenciamento financeiro, mas, claro, nem sempre é fácil
Confira todas as notícias de Vida e Estilo
- A maior parte das pessoas vive em um cenário de endividamento. Você vê famílias usando o máximo do seu limite para poder viver o seu dia a dia, estão se alavancando em crédito e não em dinheiro real. Elas estão vivendo um mundo que não pertence a elas - afirma o educador e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).
Para sair da situação de endividamento crônico, Domingos e o consultor da Mirador Assessoria Atuarial, Sérgio Rangel, dão cinco dicas vitais:
1) Diagnóstico financeiro é essencial
O bom e velho "colocar no papel". O primeiro passo para sair do vermelho é reunir a família e elencar todos os tipos de despesa. É básico, é o que normalmente é indicado, mas nem sempre é feito. Deve incluir TODOS os gastos, desde o cafezinho até compras maiores: lembre-se que pequenos valores somados podem gerar o principal problema de descontrole no final do mês.
Ao visualizar para onde está indo o dinheiro da casa é possível indicar os gargalos da rotina financeira. Se a família tem crianças, é o momento de explicar como o dinheiro é ganho em casa e da importância de controlar os excessos.
Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, entre 20% e 30% do gasto de uma família é composto de excessos. Ou seja, é possível cortar quase um terço das despesas (seja água, luz, vestimentas, lazer) sem prejuízo da qualidade de vida.
- É necessário que se vejam os números, que se tire uma fotografia de cada despesa existente.
Para pessoas com salário fixo, esse passo deve durar 30 dias. Para famílias com membros que tenham salário variável, o ideal é fazer o diagnóstico por pelo menos três meses.
2) Objetivos
Diagnóstico financeiro feito, é hora de pensar nos objetivos de cada familiar. Para que cada um tenha motivação para participar da reeducação, deve-se levantar quais os sonhos de cada um. Pode ser uma viagem, um novo equipamento, um curso e, claro, colocar o custo de cada um desses sonhos no papel.
Mas não esqueça, se você está endividado, com pagamentos em atraso, essa deve uma meta prioritária. Sair do vermelho é um processo normalmente de médio prazo, leva pelo menos um ano para ser concluído.
Segundo Domingos, o ideal é ter metas para o curto prazo (que possam ser realizadas em até um ano), médio (até 10 anos) e longo prazos (mais de 10 anos).
3) Dia a dia
Se do passo anterior o que mais chamou a atenção foi a parte do endividamento, velhas instruções seguem valendo:
- Pague as contas em dia, evitando os gastos com as multas, juros e outros encargos.
- Sempre que possível, opte pelo pagamento à vista e negocie um desconto. Procure fazer listas com todos os itens que você necessita comprar
4) Hora de fazer o orçamento
O tradicional "colocar o que se ganha menos o que se gasta" teve atualização. Ainda é preciso elencar o quanto se recebe e as despesas, mas antes de descontar as contas mensais, a dica é retirar o valor acertado para realizar aquelas metas indicadas no passo anterior.
- Normalmente pagamos todas as contas primeiros, depois o que sobra é guardado. Esse método não costuma dar certo. Depois, para realizar algum desejo, a família é obrigada a financiar tudo. Endividar-se - alerta o educador financeiro.
5) Poupar
Readequado o orçamento e as prioridades da casa, é preciso saber onde investir o dinheiro economizado. Para as metas de curto prazo, o ideal é a caderneta de poupança. No médio prazo, CDB e fundos de investimentos são boas pedidas. Para as metas mais distantes, Tesouro Direto e Planos de Previdência Privada estão entre as recomendações.
Ajuda eletrônica
Colocar "no papel" as despesas e receitas é a dica clássica para quem precisa organizar as finanças pessoais. Com os smartphone e tablets, agora esse papel pode ser feito também via aplicativos. Veja três dicas de apps para ajudar no gerenciamento das suas contas:
1) Money Wise
Sem necessidade de fazer cadastro, o MoneyWise é possível criar orçamentos e monitorar o seu fluxo financeiro. Os orçamentos podem ser configurados com base semanal, quinzenal e mensal, dividi-los por categorias de gastos, que podem ser visualizadas em forma de gráfico. O aplicativo ainda permite exportar os dados para o computador, para ser aberto em planilhas Excel. Disponível gratuitamente para usuários de Android
2) Finance
A interface bastante intuitiva é um dos destaques desse aplicativo. No Finance, o usuário informa suas receitas e despesas, divididas por categoria, e é possível fazer um plano de contas personalizado. O app facilita o controle de contas a pagar e a receber e as despesas, com um sistema de notificações. Pode ser baixado gratuitamente, mas se o usuário quiser uma versão sem propagandas, há opção para download por US$ 2,99. Disponível para Android e iOS.
3) Organizze
Com versões para uso pessoal e empresarial, o Organizze pode ser acessado no computador ou pelos dispositivos móveis. Seguindo a mesma lógica dos concorrentes, no aplicativo é possível ter uma visão das despesas e receitas. Visualizando os gastos, o usuário tem uma noção melhor para onde estão indo os recursos e o motivo de o dinheiro estar acabando antes do início do mês. Disponível gratuitamente em versões para Android e iOS.