
Professora concursada da rede municipal, licenciada em música pela UFRGS, Cecilia Rheingantz Silveira, que atua como coordenadora da Orquestra Villa-Lobos, se emociona ao comentar sobre o impacto da música no ambiente escolar.
Conferência Mundial de Educação Musical ocorrerá a partir de domingo em Porto Alegre
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
O professor de música tem de necessariamente ser licenciado em música?
É um ponto de partida fundamental porque eles têm entendimento do que é educação musical, mas as universidades não abastecem o mercado com um número suficiente. Então, acho que há alternativas. Existem muitos músicos de formação ou até autodidatas que se debruçam na pedagogia musical e procuram capacitação. Não é o ideal, mas esses profissionais podem ser aproveitados, sim. Tem de ter um cuidado grande para não cair no exagero oposto.
Como devem ser as aulas de música nas escolas? Basta cantar e tocar violão?
O professor tem de fazer música, é a primeira coisa. Seja cantando, seja com violão ou outro instrumento ou até, se ele não se sente confortável, recorrendo a gravações, mas ele tem de fazer música, a música tem de ser vivenciada. E existem muitas metodologias para isso. Mas aula de música não é um show do professor. Quem tem de fazer música são as crianças. O professor vai ser um motivador. A primeira coisa é cantar bastante com as crianças, mergulhar no mundo sonoro. O professor também não pode ser um simples repetidor daquilo que as crianças são acostumadas a ouvir no dia a dia. Tem de ter critério, inclusive de estética artística e musical. Tem de ter discernimento e levar coisas novas.
Qual é o objetivo da educação musical como um conteúdo regular das escolas? A educação não tem objetivo de formar músicos, assim como a matemática não tem objetivo, como conteúdo curricular, de formar físicos ou matemáticos. É essa a relação que eu faço. A criança tem o direito de ser apresentada à linguagem musical, assim como é apresentada à linguagem das ciências humanas, das exatas, biológicas. Música é uma linguagem universal.
Que impacto que o projeto tem na formação escolar das crianças?
Na nossa comunidade escolar, percebemos mudança até na visão dos pais. Os alunos que participam têm uma visão diferenciada de mundo. Não tem uma criança que não esteja pensando em fazer faculdade. Não significa que quem está lá seja o melhor em sala de aula, mas se percebe que são líderes no grupo, desenvolvem rapidez de raciocínio, autoestima. Eles se sentem mais capazes de enfrentar desafios e ousar.
Vídeo: estudantes criam instrumento feito de PVC