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Não é de hoje que a fluência em inglês deixou de ser diferencial para se tornar requisito indispensável à carreira. Na medida em que as fronteiras foram abreviadas (hoje, Porto Alegre, Londres, Tóquio e Nova York estão conectadas em um clique), as organizações passaram a necessitar de profissionais - em diversas áreas e em níveis hierárquicos distintos - capazes de se comunicar (bem, muito bem) com pessoas de outros países. Na ânsia de corresponder à expectativa ou por erro de autoavaliação, nem sempre o nível destacado no currículo corresponde à real aptidão em falar, ler, interpretar e compreender a língua estrangeira.
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As empresas, neste caso, não podem arriscar contratar alguém que possa comprometer (ou perder, em outras palavras) um negócio devido ao vocabulário ou por erros de interpretação. Por isso, há duas formas mais comuns de se comprovar a proficiência de um candidato: entrevista em inglês ou se basear nos certificados.
Atestados como Ielts, Toefl e Cambridge English Language Assessment servem como abalizadores no momento da seleção para uma vaga. Na avaliação de Magali Pantoja, gerente de exames internacionais da rede de cursos Cultura Inglesa, documentos como esses, além de mensurar o grau de conhecimento, aumentam a empregabilidade e também as chances de bolsas no Exterior.
- A certificação tem outra vantagem. Se a minha companhia exige um determinado nível (de conhecimento da língua), e a pessoa que está sendo preparada para o cargo não atingir (esse nível), mas tem a garantia de que está quase lá, há a chance de se dar tempo a esse funcionário para galgar mais um degrau. Quando é possível provar, fica muito mais fácil - afirma Magali.
Quando encarar o teste oral em outro idioma é o que resta, a situação pode complicar ainda mais, principalmente para quem já está nervoso na seleção. Neste caso, ensina Elvio Peralta, diretor superintendente da Fundação Fisk, vale a pena se preparar e treinar para interagir sobre questões que inevitavelmente irão surgir.
- Saber responder sobre suas experiências e ter conhecimento de jargões próprios da sua área de atuação ajudam bastante nessa hora - avalia Peralta.
Ser autêntico na hora da entrevista é fundamental
O mais importante, segundo a professora de inglês do Senac 24 horas Luciana Oliveira, é ser totalmente honesto quanto ao seu nível de conhecimento.
- Mesmo que você decore as respostas, sempre vão surgir pautas fora do planejado. Então, não minta para não passar vergonha. Estude e mostre do que você é capaz. Se a empresa gostar de você, vai contratá-lo e pode até investir na sua qualificação se for o caso - destaca Luciana.
Para o engenheiro Guilherme Augustus Chagas, 28 anos, ter incluído no currículo o certificado Cambridge English foi fundamental na seleção para trainee na AES Sul, no ano passado.
- Eu via pessoas com nível de inglês mais baixo do que eu se dizer avançado ou fluente. Eu precisava de uma forma de comprovar o meu conhecimento, por isso, decidi fazer o exame - conta Guilherme.
Além de ter o currículo selecionado e passar pela primeira peneira, o profissional precisou comprovar na prática a sua habilidade na língua durante uma apresentação feita para uma banca composta por gestores e
funcionários do RH.
Exames para comprovar seu nível no idioma
Ielts
- Exame internacional solicitado pela maioria das universidades do Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, além de também ser reconhecido em universidades canadenses e americanas. É muito procurado por aqueles que desejam trabalhar em algum país de língua inglesa.
Cambridge English
- Avalia a compreensão oral e escrita dos candidatos, além da capacidade de se comunicar por escrito e oralmente sobre temas diversos. É reconhecido por diversas empresas e instituições de ensino no Brasil e no Exterior. E tem vários níveis, que vão do básico à especialização (destinado a professores). Portanto, pode ser feito por pessoas de diferentes estágios do aprendizado da língua.
Toefl
- É um dos mais procurados por aqueles que pretendem ingressar em universidades de países de língua inglesa. O teste é aberto a pessoas com diferentes níveis de inglês, e o resultado indica o nível de domínio do idioma do candidato.
Fonte: Cultura Inglesa
Para se dar bem na seleção
Reveja o vocabulário
- O conteúdo das entrevistas em língua inglesa costuma ser parecido com os realizadas em português. Normalmente, o item que compromete a entrevista é a dúvida do candidato ao achar as palavras apropriadas. Com isso, ele gagueja, se confunde e demonstra que seus conhecimentos não são avançados. Por isso, vale ensaiar as respostas antes e ter amplo domínio sobre o vocabulário do que pode ser perguntado. Logo, é importante que o candidato saiba explicar, por exemplo, suas experiências profissionais anteriores.
Simule diálogos
- Para amenizar a ansiedade, procure um amigo com fluência em língua inglesa e peça para que ele faça perguntas que poderiam ser feitas em uma entrevista. A ideia é que essa pessoa possa corrigir pronúncia, vocabulário e construções.
Memorize frases prontas
- Algumas situações de diálogo são previsíveis, logo, determinadas frases podem ser memorizadas. Essa técnica funciona mais para iniciantes que não vão precisar demonstrar conhecimentos mais técnicos da língua. Para quem vai trabalhar com atendimento ao público, essa é uma das melhores formas de aprender rápido e conseguir demonstrar conhecimentos funcionais.
Sinceridade em evidência
- Acima de tudo, não minta sobre sua fluência. A tentativa de enganar o recrutador pode ser pior do que a sinceridade. Pronúncia e vocabulário são importantes, mas, dependendo da vaga, não são tudo. Não precisa ter uma ótima pronúncia, mas demonstrar que sabe conduzir um diálogo, se fazer entender e ser compreendido.
Pense em inglês
- É importante dominar a construção gramatical da língua. O brasileiro tende a querer construir a frase de acordo com o raciocínio da língua portuguesa, mas isso não funciona em inglês. Pensando em inglês, as frases tendem a fluir com mais naturalidade.
Leia em inglês
- Para construir vocabulário e raciocínio em língua estrangeira, a leitura é essencial. Assim, o candidato memoriza regras gramaticais, construções de frases e, claro, palavras e seus significados de acordo com o contexto.
Fonte: professor Elvio Peralta, diretor superintendente da Fundação Fisk