
É possível ouvir o cair de uma agulha, tamanho o silêncio pelos corredores. Nem parece que no casarão datado do início do século XX estão presentes mais de mil estudantes. A concentração absoluta tem uma explicação: é hora da "Leitura na Escola".
O projeto ocorre no Colégio Sinodal, de São Leopoldo, no Vale do Sinos, desde o início do ano e tem uma ideia bem simples: incentivar o gosto pelos livros, seja ele impresso ou digital. O jeito encontrado foi propor aos alunos um período de 15 minutos para que eles leiam o que quiserem, sem cobranças, indicações ou fichas de leitura. O resultado tem sido positivo.
- Eu até adotei os 15 minutos em casa, até minha mãe já está fazendo o mesmo - afirma a estudante Nicole Padilha, de 17 anos, que está lendo As Parceiras, de Lya Luft.
A proposta atinge os estudantes da Educação Infantil, onde os professores leem para os pequenos, aos dos anos finais do Ensino Médio. Não importa onde estejam, se na biblioteca, na educação física, na aula de informática. A prática já virou rotina e nem precisa ser lembrada. Quinta e sexta-feira às 8h10 ou às 14h15 todo mundo já sabe que hora de abrir um livro.
- Não é obrigatório, mas ninguém quer ficar deslocado. É um jeito quase que por osmose de incentivar o outro a ler - afirma a professora de Espanhol Angelita Dal Piva.
Os minutos reservados à leitura tentam ajudar os alunos a criar o hábito de ler por prazer. Afinal, é na fase escolar o período da vida em que o brasileiro mais lê, em média, dez livros por ano, contra os quatro da fase adulta, de acordo com pesquisa do Instituto Pró-livro. Para o jovem Lucas Katsurayama, de 17 anos, o projeto atingiu o objetivo e se depender dele terá vida longa.
- A gente só fica pensando nas leituras obrigatórias da escola e do vestibular e esquece que ler é viver outras experiências, conhecer novas culturas. É muito bom - conclui.
Iniciativas que valem prêmio
Projetos como o mesmo perfil do Leitura na Escola, ou seja, que dê mediação e fomento à leitura podem participar do 2º Prêmio RBS de Educação - Para Entender o Mundo. As inscrições seguem até o dia 18 de julho. Serão distribuídos R$ 156 mil entre 16 finalistas.
O prêmio é promovido pelo Grupo RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, com apoio técnico do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Para participar
- O site do Prêmio RBS de Educação possibilita inscrições até 18 de julho. O relato com detalhes do projeto pode ser enviado até 11 de agosto;
- As categorias são Escola Pública, Escola Privada e Jovens Protagonistas;
- Podem participar educadores de todas as disciplinas desde que atuem na Educação Básica;
- A Comissão Julgadora, composta por educadores, selecionará 16 finalistas (oito no RS e oito em SC). Desses, quatro serão escolhidos vencedores - dois em cada Estado. Seis ganhadores (três no RS e três em SC) serão escolhidos pelo Júri Popular nas três categorias.
Premiação
- R$ 1,5 mil para os 16 finalistas;
- Os vencedores das categorias Escola Pública e Escola Privada ganham R$ 11 mil cada. Eles ainda concorrem a R$ 11 mil na modalidade Júri Popular;
- As instituições vencedoras de escolas públicas e privadas, nas modalidades Comissão Julgadora e Júri Popular, recebem, ainda, R$ 6 mil;
- Jovens Protagonistas: R$ 15 mil para os escolhidos por júri popular.