
"Galinha é um animal, Georgia é um ser humano".
"Macaco é um animal, Fabricio é um ser humano".
É com frases como essa que a marca de roupas Reserva pretende incentivar o respeito às diferenças e a inclusão de minorias sociais. Pelo menos era essa a ideia.
A campanha, lançada nesta terça-feira, não repercutiu bem nas redes sociais. O termo Reserva entrou nos trending topics brasileiros no Twitter, principalmente por conta de mensagens atacando a mensagem da publicidade. "O objetivo é impactar, provocar reflexão e conscientizar. Aqui valorizamos a irracionalidade, a inocência e a incapacidade de julgar. Animal é irracional, age por instinto, portanto não faz julgamentos", explica o "multiartista" Felipe Morozini, responsável pela concepção da campanha, em entrevista ao site da marca.
Consumidoras se revoltam com coleção de esmalte que homenageia homens
Protesto contra publicidade da Skol reacende debate sobre o politicamente correto
Para grande parte dos twitteiros que comentaram a publicidade, a comparação de um negro com um macaco, uma mulher com uma galinha, um homem acima do peso com uma baleia e outro homem com um veado teria o resultado contrário, o de reforçar estigmas e preconceitos. "Faltou a anta, que ficou reservada pro autor da campanha", diz a usuária Marina Miyazaki, retweetada 16 vezes. "Vocês ainda não perceberam que a Reserva faz isso de propósito?", questiona Bel Bastos.
O que pode ter ajudado a aumentar a repercussão da propaganda é o fato de Luciano Huck ser sócio da marca e dono de 10% de suas ações. O apresentador acumula uma série de polêmicas: recentemente, sua outra marca de roupas, UseHuck, passou a vender uma camiseta infantil com a estampa "Vem ni mim que eu tô facin". Na Copa do Mundo do ano passado, o apresentador teve de desistir da ideia de um quadro em que estimulava brasileiras a encontrar "um príncipe encantado entre os gringos que estão invadindo o Rio de Janeiro". A Reserva também não é iniciante no que se refere a polêmicas: a marca foi criticada recentemente por estampar em suas etiquetas uma mensagem que explicava o procedimento correto de lavagem das peças e sugeria "ou dê para sua mãe, ela sabe como fazer isso bem". Foi acusada de machismo.
O dono da Reserva é Rony Meisler, polêmico empresário que já se envolveu em polêmicas com a chef Roberta Sudbrack e com Oskar Metsavaht, empresário dono da Osklen. Em reportagem da revista Veja Rio, Luciano Huck descreveu Meisler como "um dos caras mais criativos que conheço, um empreendedor fora da curva". Em 2013, época da reportagem, a previsão de crescimento da Reserva em relação ao ano anterior era de nada menos que 60%.