
Empresário da área do marketing, Alexandre Chequim conheceu a força da crise. Os trabalhos escassearam, e o gasto com transporte, alimentação e luz - em casa e no escritório - disparou nos últimos meses. Disciplinado nas contas, precisou apertar ainda mais o controle.
Em planilhas no computador, listou os gastos fixos e os dispensáveis, e se impôs o desafio de reduzi-los em 20%. Compartilhou a meta com a esposa e explicou ao filho de seis anos que alguns sacrifícios teriam de ser feitos.
- Era isso ou ver o orçamento entrar em colapso - diz.
Programa preferido da família, a saída para jantar foi substituída pelo delivery, que sai mais barato. Viagens para visitar a família no interior do Estado deixaram de ser feitas a cada 15 dias e viraram mensais. Para baixar a conta de luz, Chequim não esperou as lâmpadas incandescentes queimarem: substituiu todas pelas de LED, mais econômicas.
- Cortando um pouco de cada lado, dá para manter o padrão de vida - ensina.
O recado de Chequim é que para se blindar da crise não é necessário erradicar aquele cafezinho que alivia a pressão no expediente, ou cortar a TV por assinatura, fiel companheira de domingo à tarde. A saída é enquadrar um produto ou serviço ao seu perfil de uso, com custo e tamanho que não ultrapasse o necessário. Trocando em miúdos, cortar excessos.
Confira as dicas para eliminar o desperdício de dinheiro
- O segredo é saber do que abrir mão. Se eu gasto muito com algo que não é tão importante, vai faltar para alguma compra ou uma viagem que realmente vale a pena - aponta o economista Denílson Alencastro, da Geral Investimentos.
Como em uma empresa, o orçamento precisa ser planejado. O primeiro passo é detalhar o dinheiro que entra (muito útil para profissionais autônomos, por sinal), e tudo que sai para contas fixas e gastos do dia a dia. Após um mês, ficará mais claro onde estão os exageros.
- Normalmente, são gastos pequenos, mas que a soma, ao final do mês, pode ser exatamente o quanto faltaria para equilibrar o orçamento - alerta o consultor financeiro Marcelo Ferzola, da MFF Consultoria.
Quando se começa a anotar custos, controlá-los passa a ser quase automático. No mês seguinte, antes de tomar um chope a mais no bar ou comprar uma camisa de marca para uma festa, o sinal amarelo vai acender. Consultores financeiros dizem que o método pode trazer uma redução de até 30% dos gastos.
Após vencer os supérfluos, a etapa seguinte consiste em passar um pente fino nas despesas fixas, e colocar metas. Por exemplo, reduzir em 20% o gasto com celular, ou em 10% a conta de luz. E chamar toda família para ajudar no objetivo.
- As contas do mês vão crescendo com o tempo, e a família nem percebe. Se eliminarmos tudo que é desnecessário, a economia ao final de um ano será gigantesca - resume o consultor financeiro Mauro Calil.
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O repórter Erik Farina produzirá as matérias da série Encare a Crise.
