
O maior desafio do Twitter nesses 10 anos é que os usuários "entendam" a plataforma. Essa é a avaliação do vice-presidente do Twitter para América Latina, Guilherme Ribenboim.
Atual presidente do conselho consultivo da IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau Brasil) e com passagem pela vice-presidência do Yahoo! Latin America and US Hispanics, o mestre em Economia pela PUC-RJ afirma que o microblog não é uma rede social, mas de interesses em conteúdos. Por isso, ganhou prestígio no mundo como protagonista de diversos movimentos sociais, como a Primavera Árabe. Nesta entrevista, ele fala do perfil dos usuários brasileiros, de metas e novidades na plataforma que tem 320 milhões de usuários até o fim de 2015.
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Ano passado, o Twitter fechou com 320 milhões de usuários, cinco vezes menos do que o Facebook. Qual a estratégia para aumentar esse número?
O desafio do Twitter não está em aumentar o número dos usuários, a gente tem um número de cadastros extremamente favorável. O nosso maior desafio é que o usuário possa entender para que o Twitter serve e comece a usá-lo como uma rede de interesses, uma plataforma para encontrar coisas de seu interesse e falar sobre elas. Não é uma rede social, as pessoas não vêm para o Twitter para fazer amigos ou para dividir o que acontece com elas. E a oportunidade de deixar isso cada vez mais claro aos usuários é o que fará com que a gente continue crescendo.
Como é o comportamento dos brasileiros no Twitter?
As pessoas usam o Twitter para falar coisas que estão acontecendo. Nos protestos de 2013, o Twitter explodiu de conversas sobre isso, porque é aberta e em tempo real. Outro exemplo foi o Oscar, em que tivemos um recorde de tuítes no momento em que o Leonardo DiCaprio ganhou a estatueta de melhor ator (440 mil posts por minuto, maior índice da premiação), o que mostra que a plataforma está cada vez mais conectada com a TV. A plataforma é muito pulso daquilo que está acontecendo.
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Sobre quais tópicos os brasileiros mais falam?
As principais categorias são música, esporte e televisão. Mas quando a sociedade está focada em algum assunto, aquele tópico vira o mais falado, como os protestos de 2013 ou as eleições de 2014.
O senhor citou o fenômeno de segunda tela, em que as pessoas usam o Twitter para comentar o que acontece na televisão. Esse uso é mais forte no Brasil do que em outros países?
O usuário brasileiro é mais engajado do que a média, porque nós somos latinos e gostamos de falar, de trocar ideias e dar opinião. E o Twitter se adere muito bem a essa cultura. Então, temos inúmeros exemplos de conversas sobre a TV que foram recorde, como no caso do último capítulo do MasterChef.
O senhor afirmou que o Twitter está acelerando melhorias. Há algum lançamento previsto?
Há coisas que lançamos e queríamos reforçar, como o Moments, que é um serviço de curadoria de conteúdo. Existem todos os dias mais de 500 milhões de tuítes, e as pessoas não encontram tudo o que é interessante. Então, contratamos jornalistas em diversos países para curar conteúdo em tempo real e colocar na frente dos usuários. Lançamos a integração com o Periscope, para que, quando uma pessoa fizer um Periscope (aplicativo para transmissão ao vivo), os seguidores possam ver na hora. Criamos ainda um serviço para você saber o que aconteceu enquanto estava ausente. O Twitter está pegando o melhor do que você perdeu e colocando na sua timeline.
O Twitter enfrentou problemas com conteúdos violentos e pornográficos. Quais estratégias para evitar isso?
Temos vários mecanismos para criar segurança, como os termos de uso e a denúncia de conteúdo negativo. Há um processo contínuo de contas que são suspensas porque estão indo contra isso.
Como os próximos 10 anos estão sendo planejados?
É uma plataforma que mudou o mundo. Como na Primavera Árabe, em que ditadores foram depostos a partir de protestos organizados no Twitter. Ajudamos a TV a repensar o negócio deles, personalidades a ter conexão com os fãs e jornalistas a se pautarem. Dos assuntos mais sérios aos mais bacanas de entretenimento, como memes e virais, sabemos que temos um papel central no que acontece.
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