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O verão começou na quarta-feira dando uma prévia de como será sua passagem pelo Rio Grande do Sul: quente e seco. Para a estação, os gaúchos podem esperar temperaturas mais elevadas e menor volume de chuva do que no verão anterior. Podem ocorrer máximas próximas aos 40°C e períodos de estiagem.
A "mudança de comportamento" do verão pode ser uma consequência do La Niña, fenômeno que deve se formar nessa estação. O meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, explica que o La Niña ocorre quando há a diminuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico. No Rio Grande do Sul, conforme Oliveira, o fenômeno forma uma "porteira aberta" para a passagem da chuva. Com isso, a precipitação se desloca facilmente pelo Estado, provocando chuvas rápidas.
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É o contrário do El Niño, que "segura" a instabilidade sobre o solo gaúcho, provocando longos períodos e acumulados de chuva. O fenômeno acontece quando há o aumento da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico. Por isso, o El Niño costuma ser associado à maior quantidade de chuva, e o La Niña, à estiagem.
O meteorologista Rogério Rezende, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) acrescenta que, caso se confirme a formação do La Niña, o fenômeno não terá grande intensidade neste verão. Isso porque a temperatura da água da superfície do Oceano Pacífico não está tão baixa. Por isso, a previsão é de chuvas abaixo da média histórica apenas em fevereiro.
Conforme a Somar Meteorologia, em janeiro, a média histórica de chuvas é de 150mm, índice atingido neste ano que deve se manter estável em 2017. No entanto, em fevereiro, quando a média histórica de chuvas também é de 150mm, atingida em 2016, deve chover em média de 25mm a 50mm a menos neste verão. É durante esse período que podem ocorrer estiagens prejudiciais às lavouras gaúchas, principalmente na Campanha, na Fronteira Oeste, no Centro, no Norte e no Noroeste.
– Não é que vá parar de chover, mas o volume de chuva será menor – explica Oliveira.
Em março de 2017, o volume de chuva esperado também é menor do que no mesmo mês neste ano. Em 2016, a média de chuva registrada foi de 250mm, chegando a 300m na região de Camaquã. Já em 2017, espera-se acumulados em torno dos 150mm, a média histórica para o mês.
Termômetro pode chegar aos 40°C
Quanto à temperatura, o verão pode ter termômetros na marca dos 40°C nos dias mais quentes, principalmente na Fronteira Oeste e no Norte. O motivo, segundo Oliveira, é que as chuvas devem ser mais espaçadas do que foram durante a primavera.
– As chuvas devem ocorrer em um ou dois dias, voltando apenas cerca de 10 dias depois. Com isso, os gaúchos terão uma sequência de dias com sol e tempo seco, o que ocasionará um aumento gradativo da temperatura antes de uma nova chuva – comenta o meteorologista.
Em Porto Alegre, a expectativa é de que as máximas fiquem em torno dos 35ºC no verão. Na Serra, região mais fria do Estado, o termômetro deve marcar máximas próximas dos 30°C.
Outro fator que será destaque nesta estação é a "altíssima radiação solar", conforme Oliveira. Isso alerta para a maior necessidade de proteção da pele para evitar queimaduras do sol.