Carros

Do luxo ao lixo

Nos tempos de rico, até jipe Eike Batista produziu no Brasil. Confira

Veículo criado para as atividades de mineração do então milionário foi fabricado de 1993 a 2001 

Investigado na Lava a Jato por corrupção e hoje na cadeia, o empresário Eike Batista, antes de cair em desgraça, produziu um jipe por meio da empresa JPX, criada por ele, de 1993 a 2001. O objetivo do então milionário e playboy era fabricar um veículo apto às atividades de mineração do seu conglomerado industrial, o Grupo EBX, e que também pudesse atender ao mercado nacional de utilitários.

Em 1992, o então investidor do comércio e mineração de ouro e diamantes na Amazônia comprou os direitos para produção do francês Auverland A-3, pois precisava de um veículo para usar nas plantas mineradoras. No ano seguinte, nascia o JPX Montez, com poucas mudanças no projeto original, em uma fábrica em Pouso Alegre (MG). Durante o primeiro ano, foram desenvolvidas cerca de 120 unidades mensais – a meta de 400 veículos por mês nunca foi atingida.

O jipe tinha carroceria de aço produzida pela Brasinca, que também teve parceria com a Chevrolet. O chassi e parte da suspensão eram fabricados pela própria JPX. O motor 1.9 diesel de 71cv (90,5cv e 17,4 mkgf com turbo adaptado) e o câmbio eram da Peugeot. As caixas de redução e transferência Auverland também vinham da França, enquanto os eixos e diferenciais eram Carraro e os freios, italianos. Mais ou menos a fórmula que o empresário brasileiro João Amaral Gurgel usou para desenvolver seus veículos, da marca Gurgel, poucos anos antes.

Conforme a empresa, 70% do carro era nacional. Havia versões picape e militar, sempre com suspensão de molas helicoidais e eixos rígidos e tração 4×4. Os opcionais eram ar-condicionado, guincho elétrico e quebra-mato e capota de lona.

Melhor que o japonês

Em 1996, foi comparado ao Toyota Bandeirante, seu principal concorrente. A imprensa especializada, na época, o considerou melhor que o veículo japonês – era 11% mais barato, mais forte e bem equipado. Levava vantagem no fora-de-estrada, principalmente pela suspensão.

Mas o tempo tratou de provar que havia problemas sérios. O motor com turbo superaquecia com facilidade. Para resolver a questão, foram inseridos radiador maior e duas ventoinhas em 1995. Porém, o problema só foi resolvido em 2000, com a adesão de intercooler instalados pela Peugeot.

Os defeitos do jipe, o baixo número de concessionárias, acabaram afastando os consumidores. E, claro, a abertura do Brasil à entrada de concorrentes importados também prejudicou a iniciativa do brasileiro. Em 2001, a produção acabou. Foram produzidos aproximadamente 2,8 mil carros durante oito anos, 450 deles adquiridos pelo Exército. Especula-se que o prejuízo do empresário chegou a 40 milhões de dólares. Nos sites de vendas de usados pode-se encontrar o jipe JPX Montez por cerca de R$ 20 mil.

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