Se pedalar na praia é bom, pedalar até ela pode ser uma experiência fascinante. Em busca de um passeio mais envolvente, grupos de veranistas estão aproveitando o verão para pegar a estrada sobre duas rodas. Com a mobilidade de um veículo e uma velocidade de escala humana, a bicicleta permite curtir cada trecho do passeio, e o caminho de um ponto ao outro pode ser tão interessante quanto o próprio destino. Essa viagem, que começa a ser aproveitada desde bem antes de se avistar o mar, não é coisa só para atleta.
- A bicicleta é inclusiva. A princípio, qualquer pessoa pode fazer cicloturismo, basta ter disposição - afirma Jonatha Junge, da Caminhos do Sertão, especializada em cicloturismo, com sede em Florianópolis.
Ainda que essa modalidade de viagem possa ser realizada por qualquer pessoa, colocar a bike na estrada exige preparação e conhecimento. Quem já está familiarizado a pedaladas pela cidade pode começar com um passeio intermediário, de maior duração, antes de fazer uma viagem com quilometragem de três dígitos, como é o trajeto de Porto Alegre até o litoral norte gaúcho.
Para quem gostou da ideia, mas ainda é novato nos pedais, o ideal é procurar grupos de ciclistas que organizam passeios noturnos pela cidade.
Depoimentos de quem já foi
Tássia Furtado, 29 anos, empresária
Chuí-Valizas (Uruguai)
140 km percorridos
Foto: arquivo pessoal

"Viajar é válido de qualquer maneira, mas escolho a bicicleta porque ela já faz parte do meu dia a dia. Colocamos as bicicletas no ônibus até o Chuí e começamos a pedalar no Uruguai entre 17 ciclistas. Não tínhamos passagem de volta, nossa ideia era fazer uma viagem flexível aproveitando todos os lugares. A mobilidade em cada praia era facilitada porque tudo o que precisávamos estava com a gente, o tempo todo. Se não gostássemos de uma praia, íamos a outra de bicicleta, não dependíamos de ônibus. É uma viagem mais barata, porque não se paga o deslocamento. Já tinha ido muitas vezes ao Uruguai e nenhuma delas havia sido tão prazerosa. O cicloturismo é para fazer olhando a paisagem, dando risada e comentando o que você vê no caminho."
Lucas Brentano, 25 anos
Caxias do Sul-Tramandaí
270 km percorridos
Foto: arquivo pessoal

"Viajar de carro para a praia, nesta época, dificilmente pode ser considerado prazer. A bike dá a chance de fugir do tumulto e dos congestionamentos, conviver com amigos e apreciar a paisagem com calma. A gente percebe detalhes que passariam em branco se estivéssemos num carro ou ônibus. Pode até exigir bem mais esforço, mas o sentimento de realização compensa. No primeiro dia, eu e um amigo fomos de Caxias do Sul a Lajeado Grande. Lá, pernoitamos e nos juntamos com o restante do grupo para seguir por mais três dias cruzando estradas secundárias, corredores de campo e trilhas, passando por São Francisco de Paula, Riozinho e, finalmente, Tramandaí. Durante o percurso, cruzamos rios, barragens e tomamos banho na Cachoeira do Chuvisqueiro."
Rosaura Monteiro Pinheiro, 53 anos
Porto Alegre-Barra do Ribeiro
140 km percorridos
Foto: arquivo pessoal

"Depois que me aposentei, resolvi comprar uma bicicleta para voltar a pedalar. E nunca mais larguei. Há três anos, faço cicloturismo e pedaladas de longa distância. Em novembro de 2012, fiz um passeio até Barra do Ribeiro, na Lagoa dos Patos. Sai às 7h e cheguei às 11h, porque fui parando para bater papo com ciclistas que encontrei no caminho e para tomar água. Como o trajeto é intermediário, é um ótimo treino antes de se fazer uma viagem longa. Optei por ir sozinha para poder ir no meu ritmo. Quando cheguei, me perdi na cidade! Pode? Andei em círculos procurando a pousada. Achei primeiro o rio! E tiiiiiibum! Entrei com bíci e tudo. Tomei muito banho e aproveitei bastante. Tudo é diferente de bicicleta. Chega a ser poético. As plantas, os campos, os animais - pode-se observar com mais calma."
TIPOS DE CICLOTURISMO
Só de bicicleta
A viagem é realizada apenas por um ciclista ou por um grupo, sem nenhum carro de apoio. Toda a bagagem deve ser carregada pelo ciclista. (No caso de um grupo, objetos de uso compartilhado podem ser divididos.) Requer prática e alguma habilidade com mecânica de bicicletas (saber trocar um pneu, por exemplo).
Com apoio
Quem quer se aventurar, mas ainda não se sente seguro para colocar a bicicleta na estrada por conta própria, pode começar participando de um roteiro oferecido por agências de cicloturismo. Nesses passeios, há a estrutura de um carro de apoio que leva bagagem e alimentação para os ciclistas.
Um pouco de bicicleta, um pouco de carro ou ônibus
Quando o destino é muito longe de casa, alguns cicloturistas optam por percorrer parte do trajeto de ônibus. Quem quer pedalar de bicicleta pelas praias do Uruguai, por exemplo, pode ir de ônibus até o Chuí e subir na bike a partir daí.
Aprenda a arrumar a bicicleta para viajar