Verão

Ambiente

Animais marinhos do litoral gaúcho pedem socorro

Bichos como as tartarugas-verdes sofrem com a poluição humana, mas, por sorte, há gente tentando corrigir os erros dos outros

Bruno Alencastro / Agencia RBS
Tartaruga-verde precisou ter uma nadadeira amputada depois de ficar presa em uma rede de pesca

Em vez de algas e outros organismos marinhos, as tartarugas-verdes que frequentam o litoral gaúcho estão se alimentando de plástico, canudos, tampas de garrafas, pedaços de rede e bitucas de cigarro. Além de perfurar partes do intestino, os itens da refeição indigesta causam uma falsa sensação de saciedade nos répteis. Esse é apenas o começo do processo de extinção.

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O impacto no trato intestinal é o princípio de uma série de infecções secundárias, como a pneumonia, explica Derek Blaese de Amorim, veterinário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com o intestino cheio de plástico e as fezes duras, eles têm dificuldade de defecar e de mergulhar, sendo impedidos de buscar alimento. O resultado já se sabe: sobra apenas o casco para contar a história.

Nos últimos meses, o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), em Imbé, recolheu seis exemplares da espécie para reabilitação. Elas são hidratadas e tratadas com antibióticos, mas a maioria não resiste, diz Blaese. Três delas, mortas recentemente, passaram por necropsia na tarde desta quinta-feira. O exame confirmou a previsão. A causa de morte era a poluição. Para evitar casos como esse, alerta o veterinário, não há outra saída:

- Só deixarão de morrer quando melhorar a consciência ambiental das pessoas - resume Amorim.

Das outras três tartarugas que seguem em observação no Ceclimar, duas tiveram nadadeiras amputadas por problemas causados pelo contato com redes de pesca, mas estão sendo tratadas e passam bem. Outra só flutua, e por não conseguir mergulhar, seu casco está seco e cheio de limo.

Vida dura longe de casa

Este foi o primeiro ano em que os animais do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos do Ceclimar não puderam ser visitados. Uma resolução interna do grupo decidiu restringir o acesso, pois os animais são impactados pela presença humana.

Até o leão-marinho-do-sul, batizado como Gordo, que vive ali há 12 anos devido a uma lesão nos olhos, ficou longe do público neste ano. Deve estar com saudade. Quando a equipe se aproximou, logo saiu da piscina para exibir o corpanzil.

Além de Gordo, o centro de reabilitação hospeda atualmente animais como um cágado-de-barbela que engoliu um anzol e foi operado, uma marrequinha piadeira que teve suas penas cortadas, e um gato-do-mato-pequeno que foi removido do hábitat e do convívio com a mãe.

- Difícil um animal desses ter sucesso na natureza depois que foi retirado do seu ninho. É a mãe quem ensina como se movimentar, se alimentar.

Para evitar que estejam fadados ao cativeiro, a dica é que, quando encontrados, esses animais sejam mantidos onde estão.

Museu reabre com novidades

Longe dos olhos dos visitantes desde maio, quando o Museu de Ciências Naturais passou por um incêndio que levou ao seu fechamento, a ossada da baleia jubarte - principal atração do local - poderá ser revista a partir do final do mês. Após a retirada da fuligem que ficou impregnada nos ossos, a reforma está perto do fim.

Quando reabrir, o museu trará novidades aos seus visitantes. O período de fechamento serviu para a coordenação repensar a estrutura, e o resultado é que, neste mês, os visitantes encontrarão uma proposta mais interativa - e pela primeira vez com uma museóloga contratada. A exposição terá um percurso dirigido, que vai mostrar o Litoral Norte, suas belezas e fragilidades.

- Investimos em recursos visuais para diminuir a quantidade de texto. Vamos colocar maquetes, fotos e representações do mar, lagoas, rios e estuários. A ideia é que o visitante possa não apenas contemplar, mas interagir por meio da reflexão - explica a museóloga Aline Portella Fernandes.

No novo trajeto, os antigos aquários cederão lugar a um roteiro que passa pela planície costeira e desce a serra até chegar ao litoral. Haverá um jardim vivo, com espécies da área de Mata Atlântica em Maquiné, além de animais empalhados, como gambá, ouriço caixeiro, coruja, tamanduá, borboletas e jacaré de papo amarelo. No segundo andar, uma área será destinada a exposições temporárias.

 

 

Ossada de baleia jubarte poderá ser vista de novo a partir do final do mês
Foto: Bruno Alencastro

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Balanço Final

18:30 - 20:00