O avião começa a baixar para o pouso no aeroporto internacional da cidade de Luqa. O céu não tem nuvens e, por isso, das janelas se enxerga o país todo. Se fosse um lugarejo sem grandes atrativos, seria até claustrofóbico. Mas é Malta, país em que belezas naturais e riqueza histórica e cultural valorizam cada um de seus 316 quilômetros quadrados, ao Sul da Sicília (Itália).
Cientes de sua dependência do turismo, os malteses investem pesado no tema. Hordas de turistas, majoritariamente ingleses, invadem o país no verão. Ao descer da aeronave, o viajante atravessa corredores do aeroporto decorados com produtos malteses, explicações históricas e indefectíveis imagens de suas praias. Surpreende que um dos 10 menores países do mundo tenha tanto recheio.
Essa terra liliputiana pode ser cruzada de Norte a Sul em pouco mais de uma hora. No caminho, cidades antigas, castelos, praias e sítios arqueológicos. Então, se sua ideia de diversão é ir para um microlugar desses, do qual se pode voltar dizendo de boca cheia " conheci o país todinho", veja o lhe que reserva o recheio maltês.
A capital inteira em um dia
Em Valletta, a microscópica capital maltesa - 600 metros por um quilômetro são as suas medidas -, circule feito um Gulliver alegrão e constate, ao final, que em poucas horas se conheceu a cidade toda.
Um lugar que pede visita é a Co-Catedral de St. John (Republic Street), construída no longínquo ano de 1578 pelos Cavaleiros de São João - ordem religiosa e militar que atuou nas Cruzadas e foi um dos pilares da construção da nação maltesa.
Por fora, a catedral é mais austera, parecida com boa parte das igrejas da megacatólica Malta. Já o interior é um tesouro barroco. As paredes são ricamente adornadas - e a famosa Cruz de Malta em relevo é recorrente -, o teto é tapado por pinturas e o oratório guarda obras de Caravaggio, como a notória A Decapitação de São João Batista.
Por que Co-Catedral, você deve ter se perguntado. Porque em 1816 um decreto papal a elevou ao mesmo status da Catedral St. Paul da cidade de Mdina, com a qual passou a dividir o posto de principal igreja do país.
O museu mais importante da cidade é o Nacional de Arqueologia, onde estão guardadas esculturas encontradas em sítios pré-históricos. As mais famosas são A Donzela Dormindo (figura de pedra deitada, de sete centímetros, datada de 3 mil a.C.) e a Vênus de Malta, estátua de 10 centímetros representando uma mulher grávida.
Gordinhas valorizadas
Outra coisa legal de Malta são seus sítios arqueológicos. O país é conhecido pelos vestígios pré-históricos, e o mais representativo deles é o Hypogeum. Trata-se de um complexo subterrâneo descoberto em 1903 e que primeiramente se pensou ter sido um antigo cemitério cristão. Bastou os arqueólogos descobrirem que ele tinha mais três níveis sob a terra para a história começar a mudar.
Foram nos níveis inferiores que os pesquisadores acharam pistas de que o Hypogeum era um grande cemitério coletivo criado por um povo pré-histórico que gostava muito de gordinhas - ok, é uma conclusão bem simplória. Era costume desse pessoal criar estátuas de mulheres avantajadas, o que, supõem os estudiosos, significava serem boas reprodutoras.
Para conhecer o Hypogeum, é preciso reservar com uns três meses de antecedência - uma medida de controle de visitantes tomada pela Unesco para preservar o sítio. O Hypogeum fica na Triq (rua) ic-Cimiterju, em Paola, cidade nos arredores de Valletta. Está localizada perto do cemitério local e há indicações em placas. Outro sítio pré-histórico importante, os Templos Tarxien também ficam em Paola.
Foram escavados em 1914 e datam de 3000 a 2500 a.C. Restou pouco da antiga construção, por isso, as placas explicativas são importantes para informar o que é cada conjunto de pedras.
